Sem pressas nem horas, apenas com destino apontado, meti-me à estrada rumo ao Alentejo. A simples ideia de lá ir é acalento suficiente. O Alentejo está além, está mesmo ali, pertinho, mas mesmo assim é preciso fazer viagem para lá chegar. Melhor, para lá estar. Ao Alentejo não se vai, está-se. Mais que um sítio é um ambiente, uma forma de estar, de ver. Olhando em qualquer sentido está aquele formidável e acolhedor horizonte, que tanto nos convida a continuar caminhando, como a contemplá-lo com o deleite com que se goza um prazer raro.
É-me tão confortável a sombra acolhedora de um sobreiro ou de uma oliveira, como o calor envolvente do Sol e daquela luz. Com Sol ou sombra, campo ou cidade, o horizonte longínquo estende-se tão para lá como para cá, na forma como as ruas se vão espraindo calmamente, largas e a direito contornando as curvas do monte. As casas, baixas, lado a lado, orladas de cor e irradiando aquele branco tão quente e tão acolhedoras de gente. E por dentro tão simples sem serem espartanas, acolhedoras para o descanso como para a longa conversa. E há aquela gente, os alentejanos, tão anedotados como amados. Mostram no seu modo de estar uma diferente maneira de ser. Calmos, sim, mas também atentos, complacentes, amigos, acolhedores.
Por fim há o falar alentejano. Conheço poucos países, muito poucos. Conheço até mal Portugal, se calhar nem metade. Mas duvido que haja em qualquer lado alguma forma de falar que me encante tanto como o falar alentejano. É único aquele encadear de palavreado tão próprio, seja nos substantivos como nos tempos dos verbos. Há quem o tente imitar, limitando-se a uma entoação forçada sem sequer beliscar o todo que é aquele falar. Aquilo não se imita, é-se e pronto. Não me importaria nada de o ser, mais do que sou.
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