Não sei já onde primeiramente tropecei, mas os trambolhões do raciocínio pararam ao fim de várias cambalhotas na lembrança daquelas caixas de palitos que havia, e ainda haverá talvez, em muitos restaurantes, com a inscrição "Fabrico especial para esta casa".
Lembro-me que quando mais jovem aquilo de impressionava. "Especial" uau! Seria necessária muita especialização e dedicação e empenho para fazer palitos apenas para aquela casa, leia-se restaurante. Como o meu universo de restaurantes era muito pequeno, o facto de um ou outro ter palitos especiais bastava-me para fundamentar a crença na veracidade daquela afirmação. À medida que o universo se expandiu (só um pouco, ainda falta muito) começaram naturalmente a rarear aquelas especialidades e a aparecer outras diferentes. Conclusão natural: afinal aquilo não era tudo, e o tudo é muito mais que aquilo.
Será que ainda se fazem aquelas caixas de palitos? Será que aquele marketing ainda funciona? A lógica que o anima é muito simples e usa uma faculdade do raciocínio humano: na ausência de conhecimento qualquer informação adicional e, sobretudo, adjectivada entra facilmente para a nossa hierarquia de valores. A informação será válida até outra se lhe sobrepor por maior autoridade de lógica e/ou prova. Todavia são perigosas todas as informações estruturantes de raciocínio que bloqueiam outras adições de conhecimento, sejam elas quais forem. Acho eu.
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