Para quem liga à astrologia, andará convencido(a) que deixámos o signo do Escorpião para entrar no de Sagitário no passado dia 22.
Mentira.
Só hoje, dia 30 de Novembro, é que o Sol deixou de ‘nascer’ na constelação Escorpião para passar a ‘nascer’ na constelação ‘Ofíuco’. Aliás, só ‘esteve’ 7 dias na constelação Escorpião, de 23 a 30.
Isto dito, significa que quem nascer agora não nasce no signo Escorpião mas sim no signo Ofíuco. Sim, é isso mesmo, Ofíuco, o Serpentário. Não existe na astrologia. Pois não, mas o que a astrologia diz foi definido no tempo dos sumérios, há muito tempo, suficiente para que pelo próprio movimento de todos os corpos celestes (planetas, estrelas e galáxias) as referências se tenham alterado. O céu hoje é diferente do de há quatro mil anos.
Sem surpresa para a Astronomia, a ciência que extrai normas (nomos) a patir da análise das posições dos astros), o Sol está começou no dia 23 a ‘nascer’ na constelação Escorpião. Até aí, e desde o dia 31 de Outubro, estava na constelação Balança.
Vamos continuar neste signo, Ofíuco, até 18 de Dezembro, durante 18 dias, até que o sol ‘nasça’ noutra constelação, desta vez sim Sagitário onde ficará durante 32 dias, até 19 de Janeiro.
Quem quiser confirmar isto basta consultar qualquer site sobre Astronomia, ou o livro Zodiaco Constelacoes E Mitos de Nuno Crato.
Quem quiser pode acreditar na Maya, tanto na astróloga como a abelha, ou em qualquer um dos muitos que advogam que por se nascer num sítio X e numa hora Y temos o nosso destino definido, e que por causa de Júpiter estar ali (como se fosse um corpo animado) e o Sol estar acolá, que vamos ter mais ou menos felicidade, dinheiro, amor, compreensão e tudas as outras tretas.
Que haja, sobretudo, a liberdade de se poder acreditar no que se quiser.
Hesitei na escolha do título para este texto, não o queria tão óbvio nem minimamente sugestivo de crença, ainda que ligeira, neste tipo de crenças. Porém, e como sabemos das regras jornalísticas, é por vezes anunciando com a síntese dos argumentos combatidos que se consegue maior atenção.
Hoje haverá muita gente temendo as mais variadas coisas, apenas porque é sexta-feira 13. É uma manifestação de desconhecimento - voluntário ou não - de que as referências pelas quais balizamos os mais variados aspectos da nossa vida são apenas isso, simples marcadores de conceitos que, algures na nossa história, fizamos num ponto do nosso conhecimento.
O Escudo era uma referência que substituimos pelo Euro, embora não totalmente porque ainda falamos frequentemente em 'contos' que, ironicamente, nunca foi uma unidade de moeda oficial.
Falamos do Oriente quando só o é para nós aqui. São resquícios de um etnocentrismo imperialista. Curiosamente não nos referimos aos americanos, do Norte, Centro e Sul, como 'ocidentais'.
Há quem não compreenda como pode a temperatura ser 'abaixo de zero', quando o nosso zero é, também ele, uma referência. Há muito mais frio abaixo disso.
No 'Cosmos' o Carl Sagan faz notar que em muitas línguas ainda se diz por-do-Sol e nascer-doSol quando sabemos há muito que ele não se põe nem nasce, somos nós que mudamos de posição. Porém é-nos mais fácil - confortável? - dizer que o sol vai e vem do que interiorizar que somos nós que nos movemos.
Ouvi já comentários estranhando o atraso na contagem decrescente com que os franceses lançam os seus foguetões, quando os americanos - do Norte - fazem-na coincidir exactamente com o momento em que o foguetão arranca. É não perceber que esse 'zero' pode ser colocado em qualquer lugar da linha de tempo. Os americanos colocam-no no instante do arranque, os franceses no instante do acendimento dos motores.
Hoje é uma temível sexta-feira 13 para os que ignoram que só é este dia para algumas pessoas, as dos países que adoptaram o calendário gregoriano e supersticiosamente temerárias. Aqui bem perto não é 13 nem sexta-feira e haverá tanta sorte e azar como em qualquer outro dia.
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