[ Que interessante novidade...
[ Do ano ou do século, mas ...
Isto é tão interessante como inútil, faz lembrar a astrologia!
Lê-se nas notícias que o Zodíaco mudou. No JN lê-se "Um astrónomo do Estado do Minnesota, nos Estados Unidos, descobriu um novo signo e afirmou que o horóscopo actual sofreu alterações nas datas devido às mudanças no alinhamento da Terra."
Descobriu? Então as constelação está lá há uns milhares de anos, qualquer manual de Astronomia a refere, e ele agora descobriu?!? Pior! E estes jornais e outros meios de comunicação alinham na fantochada? Terá mudado também o calendário e afinal é dia 1 de Abril?!?
Eu que pouco sei já aqui tinha falado disto. Onde está a novidade?
Acreditar na Ciência é custoso, exige esforço, exige aceitar que erramos e o que aceitámos como verdades afinal não o são. Aceitar a charlatanice da astrologia é bem mais fácil e, diz quem gosta, até é divertido.
Há muitos anos atrás ensinaram-me o que quer dizer 'bastante', e nunca mais esqueci. Diariamente oiço a palavra usada sem sentido Na rádio perguntaram a uma concorrente se tinha telefonado muitas vezes, ao que ela disse "bastante". Numa entrevista-anúncio é perguntado a alguém se mudou muito, ao que responde "bastante".
"Bastante" quer dizer apenas quanto baste. A senhora que telefonou a concorrer pode até só ter telefonado uma vez. Terá sido o suficiente, quanto baste ou apenas o "bastante" para ganhar. Também quem mudou muito pode não ter mudado nada. Pode ter tentado mudar e chegado à conclusão que não conseguia, ou não queria ou qualquer outra coisa, pelo que a tentativa poderá ter sido o bastante para não mudar. Em suma, o comentário deles é inconclusivo. Bem lido fica-se sem saber o que querem dizer.
Permitam-me que leve o assuntou para um patamar hipotético mas exemplar do uso desmesurado da palavra. Todas as pessoas gostas dos seus pais e mães, mas há quem mate o pai e a mãe e muitos mais pelo caminho. Muita gente haverá que se lhes perguntarem o quanto gostam do pai ou da mãe responderão "bastante", o que tanto pode querer dizer que gostam muito, como é natural, como querer dizer que não têm pachorra para os aturar, que não os querem ver e só lhes apetece descarregar uma caçadeira ou dar uma facada. Ou sejam gostam o "bastante" para os matar, por exemplo.
Isto do uso do 'bastante' a torto e a direito chateia-me muito, o bastante para o escrever aqui.
Já irrita esta pancada do futebol e da selecção em que tudo e mais alguma coisa é relacionado com o futebol. Acabo de ouvir numa rádio que costumo ouvir um disparate idiota, parvo e sei lá que mais. A pivot que está a intervalar as músicas com comentários de circunstância vai dizendo coisas mais ou menos banais e fúteis, como convém a esta rádio, apenas para ninguém dizer que não está lá ninguém, que é só uma máquina a passar música.
Há pouco, anunciando que ia pasar o 'Woman' do John Lennon, a senhora resolveu dedicar a música à selecção de futebol porque "É feminino logo dedico à selecção de futebol". É mesmo a conclusão mais lógica: é feminino, é selecção de futebol. Nem podia ser outra, não podia ser a de andebol ou de hóquei, tão pouco a de Boccia, na qual Portugal tem mais medalhas que qualquer outro país.
Mas isso não interessa, pois não? E se é feminino só podia ser a selecção. Não podia ser a 'nuvem', a 'andorinha', a 'poluição ou a Torre de Belém. Este salto lógico ou está muito à frente ou é coisa de gente burra. Tendo mais para a segunda hipótese.
Liguei a tv na 2, como habitual. Percebi que estava a dar um programa sobre os Óscares e deixei ficar enquanto ligava o computador e arrumava uma ou outra coisa. Tendo deixado de acompanhar as cerimónias em directo já há uns anos, e tendo também deixado de ver tantos filmes, há anos em que nem sei quem vai a concurso. Este é um desses anos, sei um ou outro nome de filme, mas dou por bem vindo um programa que, pelo menos, me diga quem vai a jogo.
Ao fundo o prorama ia correndo, e eu ia ouvindo ao longe, escutando uma ou outra frase de vez em quando. Só que, à medida que uma e outra coisa me foi entrando pelo ouvido, comecei a achar aquilo estranho. Oiço falar do Wall-E, do Estranho Caso de Benjamin Button, d'O Leitor, de Milk... Estranho... estes filmes concorreram o ano passado...
Deixo o computador e dou mais atenção ao programa, onde dão um grande destaque ao filme favorito aos Óscares: Quem Quer Ser Milionário...
Alto aí! Agora tenho a certeza, alguém está a gozar comigo!!
Vou à página da 2 na net, e vejo anunciado o programa:
Reparem na data: 22.02.09, ou seja, 22 de Fevereiro de 2009, precisamente a data da 81ª entrega de óscares...
Vou à Wikipédia confirmar, e lá estão todos estes filmes, anunciados no programa como favoritos, para o ano passado...
Pois aqui temos um muito útil programa, de nos dá palpites sobre quem poderá ganhar os óscares, do ano passado. Um programa que foi pago para ser emitido na devida altura, em Fevereiro de 2009 e antes do dia 22. E espero que não tenham que ter pago de novo para o emitir. Se isso aconteceu o dinheiro devia ser descontado no vencimento do Director de Programas, nem que ele tivesse que lá ficar até ser tão velho como o Benjamin Button quando nasceu.
Amanhã vou ouvir a TSF para saber quem ganhou. Se ligar a TV na RTP ainda levou com notícias do ano passado. Não surpreende, infelizmente, mas indispõe.
Há uma frase de Einstein sobre o infinito que é mais ou menos assim: só há duas coisas infinitas, o Espaço e a estupidez humana, e mesmo assim não tenho a certeza quanto ao primeiro.Lembrei-me disto a propósito de uma notícia em que encalhei enquanto surfava na web: Cão que ladra já tweeta.
Alguém se deu ao trabalho de arranjar um gingarelho que pretende interpretar por palavras as actividades quotidianas do cão. E como vai estar à venda é porque há mercado, que é como quem diz, há quem compre...
Para mim já ganhou o prémio Ignobil de 2010.
Deve haver algures alguém que contabilize ou defina qual terá sido o disparate da década, tal como há a foto do ano, e outras coisas assim que têm o estranho dom de combinar o definitivo, o efémero e o supérfluo. Um três em um. Sendo tão definitivo, efémero e supérfluo como qualquer outra coisa, sugiro como disparate da década o que eu hoje ouvi.
Comecei por ouvir o disparate num noticiário de manhã do Euronews. Chamou-me a atenção ouvir o locutor dizer que dois gémeos tinham nascido com uma década de diferença. Sem conseguir acompanhar o noticiário fiquei a pensar que talvez fosse um caso de embriões que tivessem sido separados, que um tivesse sido congelado e só agora tivesse nascido, se é que isso é possível. Enfim, foi um pensamento fugidio sobre algo que ouvi de raspão e da qual não consegui repetição.
No noticiário da RTP à noite a notícia apareceu de novo, parecendo uma cópia simples da notícia original, um copy-paste que alguém se limitou a traduzir para o locutor ler sobre as imagens. Vi a notícia no noticiário da RTP e escandaliza-me que ou ninguém tem dois dedos de testa para perceber a dimensão do disparate que vieram a dizer, ou a notícia não passou pelos olhos de ninguém. Em resumo, ou todos aqueles por quem passam as notícias são burros, ou as notícias não passam por ninguém.
Fui ao site da RTP rever o noticiário e lá está a notícia que começa aos 29'23''. E aí o pivot diz que "nos Estados Unidos dois gémeos idênticos nasceram com uma década de diferença. Marcelo nasceu nas últimas horas de 2009, nos últimos minutos da primeira década do século, e Stefano nos primeiros minutos deste ano, desta segunda década." O resto da notícia são banalidades ainda mais desinteressantes, o que é um prodígio pela negativa. Repare-se no texto que acompanha a notícia: INSÓLITO: Gémeos idênticos da Florida nscem com década de diferença:
No noticiário da SIC à noite o assunto também apareceu, mas aqui devidamente tratado. Alguém com dois dedos de testa pegou na notícia tal como veio da agência noticiosa ("gémeos nascem com década de diferença") e tratou o assunto. Deve ter pensado "Como pode acontecer tal coisa? Nascerem com uma década de diferença"? Na peça jornalística o disparate foi esclarecido. Foi um nascimento banal de dois gémeos que, natural e obviamente, nascem com um intervalo de segundos ou minutos, no máximo. Só que um nasceu às 23h59' de quinta-feira, 31 de Dezembro de 2009, e o outro pouco tempo depois já depois da meia noite e, por isso, já na sexta, dia 1 de Janeiro de 2010. E por causa de o ano acabar em zero (2010) alguma mente com uma baixa densidade de neurónios achou que tinham nascido em décadas diferentes.
Quem na SIC tratou a notícia teve o cuidado de ir perguntar se era assim mesmo ou não. Foi entrevistado o vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática que explicou que uma década é um conjunto de dez anos, que começa no 1 e acaba no 10 e lembrou que as comemorações da passagem do milénio de 1999 para 2000 foram matematicamente erradas porque o último ano do milénio, de um conjunto de mil, foi o ano 2000 e que o milénio só começou no ano 2001, pelo que a primeira década termina no fim do corrente ano, 2010. Ressalvou que apesar da correcção matemática as pessoas ligam aos números - como a tantas outra futilidades, digo eu - e a maioria não quer saber da correcção matemática. E assim devidamente esclarecido o disparate da notícia original a SIC fez uma interessante peça jornalística.
Voltei ao site da RTP para ouvir, de novo a notícia, e não ouvi em momento algum que o nascimento tenha ocorrido com minutos de intervalo. Ouvi apenas, de novo, o mesmo disparate: "dois gémeos idênticos nasceram com uma década de diferença". Já é disparate suficiente dizer-se que 2010 é de uma década diferente da de 2009, mas daí até dizer que há uma década de diferença entre aqueles dois nascimentos separados, na verdade, apenas por alguns minutos é burrice vergonhosa.
É triste o exemplo da RTP. Costuma ter nos noticiários, os da manhã pelo menos, uma coisa a que chama Bom Português e onde pergunta a pessoas na rua como se escreve determinada palavra ou expressão que podem suscitar dúvidas. No final uma voz diz "assim se escreve em Bom Português". Se há o "assim se fala em Bom Português", também devia haver o "assim se pensa em Matemática correcta". E se antes tivessem visto a notícia bem tratada pela SIC deviam dizer para si próprios "assim se faz bom jornalismo".
Talvez os jornalistas da RTP não se importem se lhes disserem que o salário deste mês só será entregue daqui a uma década, certamente não lhes fará pensar sobre o assunto porque ignoram o que seja uma década.
E por fim o mais irónico, ou triste, já nem sei. O pivot que leu e disse a notícia foi José Alberto Carvalho o actual Subdirector de Informação segundo o site da RTP onde surge uma sua nota biográfica.
Acabo de ouvir mais um disparate vindo do mundo do futebol. Estava a ouvir na diagonal, assim sem escutar, o noticiário da Antena 1 quando se ouviu o presidente do Sporting a dizer que "o Paulo Bento ficará forever no coração do Sporting".
"Forever"?!? Isto será um neo-logismo, um anglicismo forçado ou um implante definitivo? Que raio! Se existe a palavra em Português, que sentido faz, que utilidade tem, que objectivos se alcançam dizendo-a em Inglês? Será que no mundo do Futebolês só se é compreendido com duas ou três bujardas por frase?
Isso mesmo: 'Não pode exprimentar'
Sem mais comentários.
Todos nós que andamos nisto da blogosfera e ligados na internet recebemos muitos e-mails. Alguns muito giros que repassamos de uns para os outros, até os recebermos de volta. Outros não interessam para nada. Rezas e orações, gatinhos, cãezinhos, patinhos e paisagens de Outono, e coisas assim, ou imagens de acidentes ou coisas piores. Alguns vêm-se, outros vão fora logo à primeira imagem. Outros vão fora antes mesmo de serem abertos.
A maior parte do lixo nem merece comentário. Mas há dias recebi um que me chateou pelos disparates que encerra. Chamava-se O Olho de Deus.
Domingo, seis e pouco da manhã. Enquanto preparo o pequeno almoço ligo a tv para ver alguma coisa que esteja a dar "A esta hora não deve haver nenhum canal nacional, é melhor ir para os estrangeiros", pensei eu. Na 1 havia televendas de cenas para minimizar a pança, e a carteira também. Busco uma caneca, um prato, os guardanapos, e mudo o canal: RTP 2: atletismo! "Uau! o que eu gosto de atletismo!". Deixei ficar.
Fui arranjando as coisas enquanto espreitava sobre o ombro e tentava acompanhar o relato. "Directo", dizia no canto superior esquerdo logo por baixo do logotipo da RTP 2.
"Directo?" pensei "De onde a esta hora? Está lá Sol, é manhã mas o Sol já vai alto."
Café, leite, fruta, mais coisas para a mesa. Por baixo do "Directo" dizia outra coisa, que não recordo com exactidão, mas remete-me a memória para algum campeonato de atletismo. Não importa.
Enquanto acabava de preparar tudo, estava a acabar uma estafeta, e a equipa portuguesa acabou em segundo. "Boa, bom trabalho!" felicitei-os eu anonima e silenciosamente. Mas a curiosidade quanto ao sítio aumentava. "Onde será isto que já lá é meio da manhã? Se é em 'Directo'..."
Pão, compota, talheres, e sento-me. Vejo a Naide Gomes, pouco depois o Obikuwelu (é assim?...). Vislumbrei uma indicação por baixo do número que cada atleta tem no peito, qualquer coisa começada por L e acabando em 2009. "Letónia, será? Para já ser manhã alta? Ou bastará que seja no Luxemburgo? Bom... também pode ser o nome de uma cidade, e há tantas começadas por 'L'..."
E de repente PIMBA: grande plano de um atleta e leio num grande o que diz por baico do número dele: Leiria 2009.
LEIRIA?!?!? Isto é em Directo de Leiria?!? Como se aqui o Sol ainda não nasceu?!? É o dia mais longo do ano, mas, caramba!, não abusem! Se eu morasse nos Açores, aceitava que aqui fosse ainda aurora e em Leiria já o Sol estivesse alto, mas não é o caso. E, depois, mesmo não estando o estádio cheio, está lá muita gente, coisas estranha para o portuga numa madrugada de Domingo. E com crianças pequenas também!... E bem dispostos a esta hora...
Completamente à toa procuro no teletexto uma salvação para a confusão, procurando descobrir que raio é aquilo que estou a ver. Para ajudar a programação começa só às 07h00, "daqui a 45 minutos!..." reparei.
Pois bem, o que estou a ver não é 'Directo' Já foi 'Directo' mas agora já não. É só 'Directo' de ontem. Foi gravado ontem directamente com o 'Directo' escarrapachado no ecrã. E agora, quem fez o disparate de deixar emitir aquilo com o 'Directo' que já não é - e que não é coisa que nunca se tenha visto, é recorrente - devia também andar com um 'DISPARATEI' escarrapachado na testa.
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