Hoje é o dia mundial do cigano, ou algo parecido. Por coincidência também hoje li uma notícia que falava de uns distúrbios numa escola causados pelos pais de uma criança por terem agredido uma professora. A notícia refere que eram de "etnia cigana".
Para quê? Que falta faz aquela referência à "etnia cigana" para se perceber o que aconteceu? Em que difere o essencial da notícia com a referência à etnia? O essencial é que um pai agrediu a professora do filho. Se não fosse cigano não agrediria? Bateria com mais força? Poderia bater se não fosse cigano?
Como isto não é caso único, como trata o jornal os casos de agressões de pais aos professores dos alunos quando os pais não são ciganos? Se for eu a agredir, como me chamarão? Não sou cigano, nem moldavo, nem preto, nem indiano. Também não sou branco, quando muito sou creme, sujo… Porque não tenho eu também um rótulo? Ou chamar-me-iam “normal”? Mas a ser assim, os outros, por diferenciação, seriam os anormais, e acho que não são.
O etnocentrismo subjacente a esta rotulação é perigoso, sobretudo quando é inconsciente e repetitivo.