Quinta-feira, 10 de Março de 2016
A maioria de nós somos anónimos. Nascemos, vivemos e morremos sendo relevantes só para alguns. Em sete mil milhões de pessoas, a vida da maioria passa despercebida de todos os outros. Alguns são menos anónimos, pelo que fazem, dizem, provocam ou ignoram, seja para o bem ou para o mal. E há alguns que só existem por causa de outros. A saída de cena do presidente da república lembrou-me dum outro personagem que, só por arrasto, quando aquele foi primeiro-ministro, se tornou pública. Este tem existência anónima como a esmagadora maioria. Fez umas coisas que terão a sua importância contextual. Entre outras, teve um cargo político que o faz ter existência quando se refere uma outra pessoa: José Saramago. Quando se fala de José Saramago por vezes fala-se dessa pessoa, mas só por causa de Saramago, não por mérito próprio. O inverso nunca acontece. Nesse sentido, esta personagem é um homem que não existe.