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Quinta-feira, 30 de Agosto de 2007

Três centímetros

A atleta Naide Gomes é a quarta melhor atleta do mundo em salto em comprimento porque ficou em quarto lugar no campeonato do mundo de atletismo que está a decorrer em Osaka, no Japão. Depois do triunfo de Nelson Évora, que muitos saúdam mas que, temo eu, brevemente esquecerão, todos esperavam que isto fosse uma onda que por arrasto levasse outra medalha de bandeja à Naide Gomes. As medalhas são para os três primeiros classificados, entre dez, ou trinta ou os que forem que concorrem. A Naide ficou num honradíssimo quarto lugar mas não teve, naturalmente, qualquer medalha.
A reacção dos meios de comunicação no dia 29/8 foi de tratar o assunto no título da notícia como se isto fosse uma perda, um desgosto, uma tragédia, uma derrota. Vejam títulos que encontrei numa pesquisa breve:
Sic: Naide Gomes falha medalha
Público.pt: Naide Gomes falha pódio no salto em comprimento
Público (edição impressa, pg.26): Naide esbarra no muro russo e falha segunda medalha
Expresso: Naide Gomes falha pódio por três centímetros 
Record: Naide Gomes falha medalha por 3 centímetros 
TVI: Naide Gomes falha medalhas no salto em comprimento
TSF: Naide Gomes perde bronze por três centímetros
RTP: Naide Gomes perde bronze por três centímetros
Diário Digital: russas roubam medalha a Naide Gomes
A Bola: Naide Gomes a três centímetros do pódio
Jornal de Notícias: Naide Gomes ficou a três centímetros do bronze
Correio da Manhã: Naide Gomes fora das medalhas
A Plataforma: Naide Gomes fica fora das medalhas
Sporting Clube de Portugal: Naide Gomes 4ª no Mundial de Osaka
Contaram? Oito títulos põem a culpa na atleta. É a Naide que falha (Sic, Público.pt, Público edição impressa, Expresso, Record, TVI) ou é a Naide que perde (TSF e RTP, duplicada na tv e rádio).
Um título chuta a culpa para as russas (Diário Digital).
Quatro títulos são quase neutros na culpabilização mas continuam negativos, com a formulação “a três centímetros” ou “fora das medalhas” (A Bola, Jornal de Notícias, Correio da Manhã, A Plataforma).
Um único título é absolutamente neutro e objectivo: Naide Gomes 4ª no Mundial de Osaka (Sporting Clube de Portugal).
Talvez a Naide seja do Sporting, confesso que não sei, nem isso interessa aqui.
Em catorze títulos há nove negativos e culpabilizantes. Agrava o facto de serem grandes órgãos de informação, de aculturação, de formação de opinião.

A verdade é que a Naide Gomes é a quarta melhor atleta do mundo em salto em comprimento.
Qual outro português é o quarto melhor do mundo em alguma coisa?
Qual empresa portuguesa é a quarta melhor do mundo nalgum produto? (salvaguardando que algumas são as melhores na sua área)
Qual jornal ou rádio ou televisão portuguesa é a quarta melhor do mundo?
Que clube de futebol português é o quarto melhor do mundo?

Abundam até à náusea os excessos de centímetros dedicados ao futebol. Basta um ligeiro arranhão num treino, uma escorregadela num jogo, um olhar na inevitável e quase sempre tão vazia conferência de impressa, e logo transbordam os rios de tintas e bytes e ondas hertzianas destes media todos relatando o que não aconteceu ou talvez venha a acontecer. Creio que já só falta mesmo noticiarem jogos de solteiros e casados.

Quanto aos três centímetros longe de mais façam a experiência.
Experimentem saltar o que a Naide Gomes saltou. Não conseguem. Experimentem saltar e meçam quanto saltam. Agora tentem saltar de novo mas mais longe. Só mais três centímetros. Dois dedos, um nariz, talvez. Quem consegue?

publicado por coisas minhas às 00:02
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Quarta-feira, 22 de Agosto de 2007

Figuras de estilo, sem estilo

Ouvi hoje num noticiário televisivo mais uma pérola do 'futebolês', dialecto que se caracteriza pelo uso abusivo e criativo de figuras de estilo, a maior parte das vezes sem estilo algum.
Hoje, em antecipação a umas imagens que passariam instantes depois, ouvi isto: “…e Fulano carimbou a sua marca na trave”.
Perdoem-me a linguagem que vou usar, mas vou ser absolutamente honesto. Quando ouvi aquilo, juro que pensei “ele deu com os cornos na trave!”.
Afinal não foi tão grave, nem tão produtivo. A realidade transcrita pelas imagens que sucederam tão criativa descrição mostravam apenas um chuto na bola e a sua trajectória até ao impacto na trave da baliza.
A culpa da confusão é minha, dada a minha profunda iliteracia no futebolês.

publicado por coisas minhas às 22:27
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Três mil a fazer nenhum

Hoje foi notícia o primeiro treino do Benfica com o novo treinador. Não ouvi ninguém dizer isto, mas digo eu: era um treino de futebol! Não quero que confundam o assunto com basquetebol, voleibol, tiro ao arco, ciclismo, esgrima, natação, atletismo, andebol ou qualquer outra coisa.
Um noticiário indicou que estiveram cerca de três mil pessoas a assistir a este treino – de futebol, atenção! Sendo hoje uma terça-feira de Agosto, devo presumir que aquelas três mil pessoas estão de férias ou desempregadas para poderem estar ali.
Ocorreu-me pensar: se estivessem antes a trabalhar quanto produziriam?
Procurei então dados que há uns anos trabalhei exaustivamente: valor horário de trabalho em todos os países da União Europeia e de outros países desenvolvidos como termo de comparação. Menos exaustivo desta vez, encontrei o Eurostat News Release nº 23/2003, de Março de 2003, onde leio que o valor horário médio do trabalho em Portugal era de 8,10 Euro. Noutro sítio encontrei o valor de 9,60€. Trabalhemos então com este valor.

Admitindo que cada uma daquelas três mil pessoas estiveram lá apenas uma hora e que, em média, gastaram meia hora para ir e outro tanto para vir, tiveram um gasto total de duas horas cada.

Duas horas de três mil pessoas a 9,60€ cada hora de cada uma valem 57.600€! Assim, quanto valem?

publicado por coisas minhas às 00:01
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Quinta-feira, 2 de Agosto de 2007

É dele ou do outro?

Foi anunciado o lançamento de um livro do Mantorras, ou de um livro sobre o Mantorras. A notícia não era clara. O locutor da notícia dizia que era um relato na primeira pessoa sobre a vida do Mantorras, escrito pelo jornalista José Gabriel.
Ora aí está a confusão. Se o livro é sobre o Mantorras e escrito pelo jornalista, então não é um relato na primeira pessoa. Se o livro é do Mantorras, então pode ser um relato na primeira pessoa, mas que faz lá o tal José Gabriel? E que fez lá o jornalista que relatou a confusão?
E, pegando no assunto, que idade tem o Mantorras? Presumo que terá menos de 30. Se este é o livro da sua vida, como relatou o locutor, o que será do resto da vida dele? Há uns séculos, ou hoje noutros locais, em que a esperança de vida mal chega aos 30, vale a pena fazer um livro sobre a vida vivida, se tiver algum interesse para alguém. Como em Portugal a esperança de vida ronda os 74 anos, ou o Mantorras não vai fazer mais nada de jeito na vida, ou então ainda tem mais livro e meio para lançar.
Acho eu.

publicado por coisas minhas às 22:18
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rei morto rei posto

Num dos últimos episódios da multifacetada e diária novela que é a cobertura jornalística do futebol em Portugal viveu-se um autênitico ciclo de ‘rei morto, rei posto’.
A saída de Simão Sabrosa para Espanha foi notícia pela manhã, como grande surpresa. Manchetes de jornais, abertura de noticiários, etc, trauma total. Na despedida ouve comoção, abraços chorosos, etc.
O desgosto passou rápido. Dias depois a emoção era já outra, mais positiva, com o dito já em Espanha e com a nova camisola.
Entretanto, num novo episódio, foi grande notícia a chegada de um novo jogador para o Benfica, vindo dos EUA, salvo erro de nome Adu ou coisa parecida. O próprio estava estupefacto com a recepção. Entre os muitos que o esperavam (estavam todos de férias, não faltaram ao trabalho nem a outros afazeres, naturalmente...) estava um adolescente com um cartão que dizia algo como isto: “Simão, já não és preciso, temos já o Adu.”
Rei morto, rei posto.

publicado por coisas minhas às 10:30
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Domingo, 25 de Fevereiro de 2007

Planeta futebol - 1

Sou um extraterreste, só pode!
Já aqui abordei o sentimento, agora vou começar a desenvolvê-lo. Às vezes sinto como se viesse de outro planeta.
Há uns vinte e tal anos atrás li um delicioso conto de ficção científica de Adrian Cole chamado ‘Fora de Jogo’ em que um suposto observador extraterrestre relatava o que via num determinado local do planeta Terra. Estando à busca de vida inteligente, procurou uma concentração de habitantes e encontrou-os. Estavam reunidos num espaço construído em redor de um rectângulo verde, daí deduzindo que esse seria o objecto de devoção em cuja honra iria ser feito o sacrifício de um animal. Este, de tanto aterrorizado que estava com a multidão à volta e os 22 sacerdotes, onze de cada seita que a agrediam sucessivamente com a extremidade dos seus membros ante a impassividade de 3 sumosacerdotes vestidos de negro, a criatura havia-se encolhido tanto que tomou uma forma esférica, e o seu sacrifício motivava a presença da multidão.
É extraordinária a capacidade do escritor de se distanciar do futebol tal como o vivemos e traduzi-lo para o ponto de vista absolutamente alheio.
Gostava de me conseguir alhear assim. Tento, mas ainda não consigo. Eu desligo o aparelho ou mudo de canal de televisão ou frequência de rádio aos primeiros instantes de conversa de futebol, mas por mais que me esforce não consigo deixar de saber que jogos vão ocorrer, o que aconteceu, e tudo o mais que nada me interessa.
E depois alguém pergunta “então, pá, viste o jogo ontem? Foi bom não foi? Viste aquele remate de Fulado?”… e há duas respostas possíveis:
Se respondo “não, não vi” com a linguagem corporal de quem diz “não tive oportunidade de ver” então já sei que me repetem todo o jogo, com todos os detalhes mas visto de um único ponto de vista.
Se, por outro lado, respondo “não, não vi” mas com a linguagem corporal de quem diz “não vi nem quero saber”, fica o outro interlocutor estarrecido com tal coisa, como se dissesse “não gosto de viver à luz do dia” ou algo ainda mais estranho que não consigo sequer verbalizar. Sinto-me mesmo como se vivesse noutro planeta.

publicado por coisas minhas às 00:00
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