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Já se esperava este resultado. A eleição de Salazar como ‘o maior português de sempre’ era esperada desde o início. A sua exclusão inicial – um acto anti-democrático que tão bem encaixa no vencedor – foi o primeiro erro de uma eleição sem sentido que muito ajudou ao resultado final.
É irónico notar que, salvo erro, esta é a única eleição que Salazar ganha por processos democráticos e em Democracia. Votou quem quiz, sem constrangimentos de idade, sexo, crenças, económicos, políticos ou quaisquer outros. Para os seus seguidores talvez seja a centelha que faltava às brasas de reabilitação que vão aquecendo.
Ainda que faça sentido o argumento de que o programa Grandes Portugueses seja apenas de entretenimento, toda a ideia subjacente é, para mim, absurda. Será Camões maior que D. João II? Será Álvaro Cunhal menor que Florbela Espanca? Será António Pinho Vargas melhor que José Cardoso Pires? E entre Alfredo Marceneiro e Manuel de Arriaga quem escolheriam? Por mim eterniza-se a dúvida da preferência entre Bartolomeu de Gusmão ou o Padre António Vieira, entre Almada Negreiros e Cargaleiro bem como entre o Bandarra e Gil Vicente. Adoro a obra de Cutileiro tanto como os sonetos de Camões. Escolher qualquer português ou portuguesa como o maior de todos não faz sentido. Há comparações que, mesmo para passar o tempo, são impossíveis. Aqui grande português só a aplicação do ditado “misturar alhos com bugalhos”.
No entanto é curioso notar que a eleição tenha sido a do maior português. Não foi a do melhor, do pior, do mais bonito, do mais cruel, do mais irónico, do mais artista, do mais liberal, do mais qualquer coisa, simplesmente e apenas do ‘maior’ e daqui salta a dúvida: o que é ser ‘o maior’?
Se calhar, e no fim de contas, Salazar até foi um grande homem porque conseguiu fazer o que fez durante tanto tempo e com tanto controlo. Um homem pequeno não o faria. Sendo português foi, consequentemente, um grande português. Outros houve que também foram grandes homens pelo muito que conseguiram fazer. Hitler, Mussolini, Estaline, Pol Pot e outros que ainda por cá andam, fizeram grandes coisas pelo que, num concurso destes, seriam o maior alemão, italiano, russo e cambodjano. Fará isto deles os maiores da sua terra? Grandes coisas foram feitas, mas em todos estes casos, Salazar incluído, foi maior o prejuízo que os ganhos.
Com exemplos e comparações destas, então se calhar Salazar até foi um grande português mas felizmente não tão grande quanto aqueles, e ainda bem para nós. A sua dimensão, que não graças a ele pode hoje ser livremente idolatrada, deve ser medida tanto pelo que fez como pelo que não fez. Não me assusta, porque não surpreende, que o tenham eleito como o maior português. O que me assusta é o espectro de ignorância que parece alimentar a motivação de o eleger…
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