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Gosto de futebol enquanto espectáculo desportivo. Quando passa disso, passo a detestar.
O que aconteceu com as claques que foram acompanhar o Benfica ao Porto já aconteceu antes com outras claques noutros locais, e vai voltar a acontecer. Vão em autênticas manadas, guiadas por polícias, quais cowboys urbanos. Insultam porque foram insultados.
Há sempre alguém que começa apenas porque tem de começar. Há no meio da grande manada umas bestas que dias ou semanas antes já vão pensando no que vão dizer e fazer. Outros nem dizem nada, bastam alguns gestos primários. Há ainda os subtis, quiçá mais evoluídos ou mais tímidos, que insultam pelo que usam. Um cachecol acenado no ar a chamar expressamente "filho da puta" a quem é do outro clube, seja ele qual for, não é coisa de gente, é de besta que não sabe distinguir e diferenciar alguns no meio de muitos, e por isso também não deve ser diferenciado dentro da manada onde está e deve ser tratado como besta que é. Como nunca ninguém percebe onde isto começa e como, a escalada de insultos e agressões sobe e só pára à lei do bastão. Porrada contra porrada.
Mas há mais. Há outras bestas mais reles, que se escondem e apedrejam os transportes de quem aí vem. Desta vez foi o autocarro do Benfica que foi apedrejado na autoestrada, mas amanhã é o do Porto ou do Sporting ou de qualquer outro. Estas bestas reles nem sequer dão a cara, escondendo-se nos arbustos ou nos placards da autoestrada, e estão cobardemente confortáveis porque sabem que nenhuma das potenciais vítimas pode exacta e objectivamente identificar onde aconteceu, muito menos quem foi.
E há bestas e bestas. Algumas podem ser já chamadas de animais, ainda que com condescendência. Não são só os que vão ao estádio ver o jogo. Também os que assistem se insultam, ainda que mais prosaicamente. Odeia-se quem é do outro clube apenas por o ser, mas não é por isso que se vai dar um enxerto de porrada no cunhado com quem se está a beber as imperiais, por muito que apeteça.
E, por fim, há os senhores da selva, cada um com o seu território, que regularmente vão lançado para o ar comentários primários no conteúdo e na forma sobre os eternos adversários, o que apenas alimenta ainda mais o comportamento das bestas lá na base da cadeia hierárquica da selva. São tão primários e imaturos que não se falam nem se aproximam, nem sequer quando as equipas jogam uma contra a outra no mesmo estádio.
É triste. E toda esta bestiaria é depois divulgada em notícias sem fim, todos os dias, em todos os meios de comunicação. Alguns têm espaços a que chamam "Desportivo" quando devia ser "Diário do Bestiário" porque não falam de outra coisa que não seja a fofoca do futebol.
Talvez um dia isto mude. Talvez um dia as claque possam competir sobre quem tem os cântigos ou faixas mais cómicas. Talvez um dia possam competir para ver quem consegue ser a melhor a receber o visitante com mais cortesia e respeito. Talvez um dia toda a gente possa entrar para o mesmo estádio ao mesmo tempo, seja de que clube for. Talvez um dia saibam aplaudir e elogiar quando a outra equipa marcar um golo contra a sua, e talvez ganhar. Talvez um dia os chefes dos clubes tenham a capacidade cívica de se receberem e cumprimentarem cordialmente. Nesse dia as bestas serão gente, e o futebol será desporto.
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