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Quinta-feira, 24 de Dezembro de 2009

Ensaio sobre o Natal ateu

Pode o Natal ser ateu? Pode, digo eu. Não pode, dirá um crente no cristianismo.

Tendo nascido numa sociedade de inspiração cristã, foi essa a educação que recebi. Valores como o respeito pelo próximo, a solidariedade humana – e animal! – a igualdade entre cidadãos, e outros que tais estão imbuídos no que penso, e no que procuro agir. Por esse ponto de vista, e só por esse, tenho uma acção cristã.

Mas esses valores não são exclusivos do cristianismo, pelo que por os practicar não poderei ser rotulado de cristão. Na verdade esse é até um termo abusivo porque Christo seria o ungido, o rei, logo aceitar esse rótulo é aceitar que o Jesus histórico tem outros méritos para além dos que qualquer humano costuma ter, e por esse caminho não vou. Não lhe chamo Jesus Christo porque não era esse o seu nome. Nasceu Jesus, cresceu, viveu, fez coisas boas e más como qualquer mortal, morreu e ficou para a História como poucos. Não acredito que exista ainda algures, mesmo que de forma metafísica, tal como não acredito em qualquer existência metafísica, omnipresente e omnipotente.

Neste contexto agnóstico e ateu, como se pode practicar o Natal? Para os crentes o Natal é a celebração do nascimento daquele que há muito estava anunciado para chegar, o seu Messias. Aquele que veio, como costumo ouvir dizer, para redimir os nossos pecados. Bem-vindo seja então alguém com as costas bem largas para suportar os disparates de tanta gente que por aí anda a fazer as maiores barbaridades, e que depois limpa a consciência com meia dúzia de lenga-lengas, com uns améns pelo meio, e que assim já pode voltar a pecar. É como uma camisa que se usa, que se põe a lavar quando está suja, e se volta a vestir quando esta limpa. Nesse sentido, o Messias serve como uma lavandaria de pecados. Entrem pecadores, que os vossos pecados serão lavados e podeis ir pecar outra vez e indefinidamente.

Desde que nasci que pratico o Natal. Primeiro ainda me diziam que era o menino Jesus que dava as prendas. Mas como podia uma criança quase despida dar prendas a tanta gente? Já o Pai Natal, que é mais velho, mais sabedor das coisas da vida e tem transporte próprio é muito mais credível para ser o transportador das prendas.

Gosto do Natal, das prendas, das comidas que só há nesta altura. É verdade que o Natal deve ser quando um homem quiser, mas no Verão não encontro lampreia de ovos à venda… E gosto de estar com a família, mesmo com aquela que quase só nesta altura se vê, e de trocar telefonemas, e-mails e sms com gente com quem quase só falo no Natal. Mas eles sabem que gosto deles, e sei que eles gostam de mim, e é bom saber isso, seja no Natal seja durante todo o ano.

É nessa perspectiva que faz sentido montar o presépio. Monto-o não por causa do menino Jesus mas por representar a proximidade familiar e dos amigos que nesta altura celebro. Aliás, a figura do menino Jesus lembra-me sempre que está nas palhas deitado, nas palhas estendido, a não fazer nenhum, como disse o Herman numa excelente rábula há uns anos, em que num tribunal o Pai Natal (Herman) discutia com o menino Jesus (um fenomenal Miguel Guilherme) sobre quem era o verdadeiro representante do Natal.

Escapa-me a argumentação para justificar a árvore de Natal, que sempre gostei de ver enorme, a roçar o tecto. Se é uma árvore e não é bonsai, então tem de ser grande. Gosto de montar a árvore de Natal, mas ainda não consigo explicar porquê. Quando conseguir, e se me lembrar, aqui voltarei a escrever sobre o assunto.

E assim pratico o Natal ateu. Não acredito que exista qualquer Deus, que Jesus tenha sido concebido de forma diferente da de qualquer outro ser humano, ou que tenha ressuscitado e ido sabe-se lá como não se sabe bem para onde. Estou e comunico com aqueles de quem gosto e que de mim gostam, e basta.
Feliz Natal a todos, na forma que cada um achar melhor para a sua própria felicidade.
publicado por coisas minhas às 16:49
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