Leio no Diário de Notícias que “Berlusconi manda cobrir o seio da Verdade nua”, um quadro de Gianbattista Tiepolo que está no Palazzo Chigi, o equivalente ao Palácio de São Bento em Lisboa. Segundo a notícia “a obra (...) tinha sido uma escolha pessoal do próprio Berlusconi”. O quadro mostrava a Verdade nua. Agora já não está.
Ao que consta, a justificação para a adulteração da obra de arte foi porque “o seio e o mamilo apareciam mesmo no meio das imagens televisivas durante as conferências de imprensa”.
Pessoalmente considero que, se não todos, pelo menos a grande maioria dos seios e mamilos femininos são mais atraentes que a figura de Berlusconi, mas isso não deixa de ser uma questão de gosto. De qualquer forma, esta atitude demonstra uma prepotência inculta que resulta nesta desconsideração pela arte. Em vez de remover a obra, ou fazer as conferências de imprensa noutro local, adulterou-se a obra.
Lembro a este propósito uns quadros que vi há uns vinte e cinco anos, talvez, salvo erro no Museu do Prado em Madrid, onde um excelente guia explicou muito bem a parte da pintura espanhola.
Lembro-me, entre outros, dos quadros da “maja desnuda” e da “maja vestida”, feitos com poucos anos de intervalo. Um mostra uma mulher nua, uma Maya, que terá sido o primeiro nú totalmente profano na história da Arte ocidental, segundo
leio na página sobre Goya na Wikipédia. O quadro gerou tal contorvésia que foi exigido a Goya que lhe pintasse umas roupas. Ele recusou e fez nova versão do quadro, a mesma mulher, no mesmo espaço, na mesma pose, só que com roupa.