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Há anos atrás, salvo erro quando da primeira discussão da lei da interrupção voluntária da gravidez, um deputado de um partido de direita terá defendido que a actividade sexual tem como único fim a procriação.
A poetisa Natália Correia fez a partir dessa observação, do que dela se infere e do que se conhecia do deputado em questão, um poema que ficou para a história pela sua ironia. Dizia algo como "se a função faz o membro", e se o dito deputado apenas havia tido dois descendentes, então estava castrado o deputado.
Passados estes anos vem a senhora Manuela Ferreia Leite, que é líder de um partido com grande representação parlamentar e social e que, por isso, tem fundamentadas perspectivas de vir a conduzir o país no cargo de primeiro-ministro, vem ela a defender que o fim do casamento é a procriação. Não interessa se há condições para criar, para educar, para formar novos cidadãos. Desde que haja condições para procriar então deve-se procriar.
Ficam de fora deste vaticínio as uniões de facto, pois se são equiparadas a casamento tal não as torna asolutamente iguais. Podem os equiparados a conjuges ter à vontade outros objectivos que não a procriação nas suas actividades conjuntas...
Não há nem haverá outra Natália Correia, mas não haverá por aí alguém que esboce um soneto, uma quadra, ou uma simples laracha para esta senhora?
Menos uma razão para votar no PSD, acho eu.
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