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Na quinta-feira passada saiu na revista Visão uma entrevista a um senhor do PSD na qual, consta, ele se manifestava 'disponível' para liderar o PSD. Hoje já não está, mas não é isso que me interessa aqui. Não me interessa o PSD, apenas o facto de o senhor se manifestar 'disponível'.
Nenhuma outra publicação deu a mesma notícia. Na sexta-feira também não. Esperei passar o fim-de-semana para ver as manchetes de outros jornais, mas nada. Só a Visão descobriu que o senhor estava disponível.
Descobriu? Ou foi-lhe dito? Se descobriu então é um grande furo porque o conseguiu antes de mais ninguém. Mas não acredito. A Visão é uma revista, não é uma televisão, uma rádio ou uma agência de notícias que lance as notícias logo que as sabe. O que o senhor disse já era sabido pela revista. Aliás tiveram de o entrevistar primeiro, de o fotografar, de redigir o texto, eventualmente de lho enviar para concordância, de fazer a composição gráfica, de enviar para a gráfica para então na quinta-feira sair como novidade.
Não acredito que a Visão tenha descoberto. Acredito mais que o senhor tenha feito a Visão saber, imagine-se como, que estava disponível para dar uma entrevista na qual diria que estava 'disponível' para liderar o PSD. Ou então a Visão, sabendo-o crítico da liderança agora demissionária, tê-lo-à convidado a fazer a entrevista na qual ele acabou por se manifestar disponível.
Mas até quinta-feira o jogo não foi aberto, pelo que alguma coisa se combinou. A que preço? Quanto custa pedir para ser entrevistado? Quanto custa garantir que no dia X, que não é casual, sai determinado artigo com determinada informação? Isso tem um preço. Pode não ser dinheiro, pode ser uma dívida de favor, de mais tarde fornecer informações com o anonimato garantido, mas é um preço. Estes políticos prestam-se a estes negócios, e os meios de comunicação também. Para mim o senhor juntou-se a mais uns tantos que já usaram o mesmo esquema e está apresentado.
Quanto à Visão, louvo a mudança de atitude. Confesso que não a leio, e raramente a folheio, mas é louvável que havendo alguém que se tenha manifestado 'disponível' para ocupar determinado cargo político, a Visão tenha desta vez (e espero que em todas as outras em que não a folheei) respeitado a figura de quem se manifestou 'disponível', independentemente do cargo em causa. É que há uns anos atrás, quando o PS ainda não havia anunciado ninguém como candidato à Presidência da República, e antes de Sampaio se auto-anunciar, houve um senhor que se manifestou 'disponível' para ser candidato. Era o senhor Sottomayor Cardia, que até já faleceu. Na altura, para ilustrar essa disponibilidade, a Visão colocou na capa uma foto do senhor de roupão, desalinhado e desgrenhado, fazendo de toda a composição uma imagem jocosa de um acto nobre, ridicularizando-o e acabando ali com a história. Para mim parece-me que fez um acto político baixo, e não uma notícia, mas é a minha opinião apenas.
Ainda bem que a Visão já não faz coisas daquelas, mas daquela não me esqueço. Eu também estou disponível para ser chefe de gabinete de uma secretaria de Estado qualquer, desde que dê um bom ordenado. Não me querem entrevistar? Prometo já meia dúzia de fotocópias de documentos e uns e-mails extraviados por acaso, só para alimentar as notícias.
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