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Eu gosto do Halibut, é um bom produto, mas não gosto do anuncio à sua mais recente variedade. Anda no ar da rádio um anúncio ao Halibut Derma Spray em que uma senhora de voz melosa e contente fala com doçura das crianças, "os nossos índios ficam todos peles-vermelhas...". Só que di-lo num tom de voz como se estivesse a admirar uma criança toda bem vestida e penteada, toda bonitinha.
Reitero a minha confiança no produto, mas da maneira que a senhora fala parece que ficam lindas as crianças assim todas queimadinhas. Será essa a ideia? Deixem-nos queimarem-se todos que depois o Halibut trata tudo?
Corre hoje a notícia da detenção de algumas pessoas que estavam a fazer corridas na via pública na zona de Peniche. Logo à partida alegra-me a notícia da sua detenção. Não faltam por aí cromos que têm a mania de que todos se devem desviar deles para poderem andar na velocidade que bem entendem. Quem quiser que se desvie, sejam carros, camiões, semáforos ou passadeiras.
Não interessa agora o local nem a quantidade de pessoas, mas interessa-me na notícia a expressão "corridas a alta velocidade" porque poderia a corrida não ser de alta velocidade? Pode uma corrida ser de baixa velocidade? Uma corrida não é para saber quem é o mais rápido? Seja a correr muito ou pouco, ganha sempre quem tiver mais velocidade. Um atleta dos 100 metros corre a alta velocidade comparado com um maratonista, mas qualquer um deles vai à mais alta velocidade que consegue, senão não ganha. Sempre pelo princípio Citius, Altius, Fortius , (mais rápido, mais alto, mais forte), ganha o mais rápido.
Houve um outro detalhe da notícia que me incomodou. A dada altura é feita referência a "manifestações desportivas na via pública". E o detalhe não são esta palavras todas. Foi na via pública, foram manifestações, mas serão "desportivas"? Comportarem-se sem respeito algum pelo cidadão alheio, alheios eles e elas aos mais básicos princípios de civismo, quiçá sem imaginarem o que isso seja, será isso desportivismo? Estranho... Se me fosse dada a oportunidade escreveria algo como "Quatro condutores foram detidos pela GNR, esta madrugada, por efectuarem corridas na via pública no IP6 e na estrada nacional 247, na zona de Peniche. Estas manifestações de desrespeito pelas regras de trânsito e o uso abusivo da coisa pública é punível com penas até dois anos de prisão".
Segundo um notícia hoje divulgada, há por aí um novo fenómeno a que os media chamam de e-drugs. São As sessões de 15 a 30 minutos de sons que podem ser descarregadas da internet a preços que oscilam entre os sete e os 150 euros, segundo ouvi na TSF e li no JN. A notícia do JN cita algumas experiências:
"Senti chamas nos meus braços", "O meu coração batia muito forte e tremi como um louco", "vontade de ser muitas coisas" depois da experiência, e até um que dia "Tinha mais sensibilidade nas extremidades e, de repente, tive uma erecção".
Desconheço o mecanismo despoletado por estes sons nos organismos destes consumidores. A notícia fala em batidas binárias, um fenómeno neurológico que consiste em emitir sons diferentes em cada ouvido e que estimula o cérebro.
Eu conheço muitas músicas de que gosto e que me relaxam ou excitam, mas ainda não cheguei ao transe. Acho que nunca levitei nem tive visões de coisa alguma. Espírito fraco, talvez.
Mas, por outro lado, há sons que me chateiam, muito! Há dias na FNAC estava um cromo numa demonstração de disc jockey, mesmo ao lado da secção de literatura infantil. E aquele Tsbach-Tsbum-Tsbach-Tsbum-Tsbach-Tsbum-Tsbach-Tsbum, En en en, En en en, En en en, En en en,, Uíínyouuu, e coisas assim dá cabo do juízo. Aposto que aquele som - que não é música, porque lhe falta a necessária conjugação harmoniosa de sons -mata meia dúzia de neurónios com cada batida. Deve ser por isso que o pessoal que conheço que curte esse tipo de ruideira, e frequenta os espaços em que é divulgada, é assim um pouco para o curto de ideias.
Outro som que chateia foi um que percebi hoje o que era. Já há dias aquilo me tinha incomodado. Havia qualquer coisa indefinida que me estava a chatear e eu não estava a perceber porquê. Hoje, com os ouvidos mais atentos, deslindei a coisa. O estabelecimento tinha o televisor sintonizado na TVI (o que desde logo me indispõe logo pela manhã, mas adiante). E no noticiário estava a locutora a falar e ao mesmo tempo, e com quase o mesmo nível de som, vinha um som muito batido, repetitivo e agressivo. É daqueles sons que procuram fingir que estamos numa redação super aterefada, com muito stress e com os velhinhos telefax a debitar palavras. Ora a locutora estava a ler os cabeçalhos das notícias, a ruideira de acompanhamento não era preciso para nada. Ou talvez fosse só para chatear, e para perder audiência. Se assim for, a ruideira até pode ser terapêutica. Não ver a TVI pode ser uma opção por uma maior sanidade mental. Acho eu.
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