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Há tempos circulava pelo e-mail uma anedota que pretendia explicar sucintamente o que é a globalização. Dizia que uma princeza inglesa, namorando com um egípcio, fugindo dos papparazi, teve um acidente com um carro alemão de motor holandês que era conduzido por um francês enfrascado em whisky escocês.
Era anedota, ainda que alguns elementos, senão todos, sejam verdadeiros.
Hoje tive um exemplo real. Recebi pelo correio algo que é originário da Arábia Saudita, mas que é emitido a partir de Houston nos Estados Unidos, e chegou-me com um selo dos correios de Malmo, na Suécia!
Grande volta!
Tenho-me contido a comentar as afirmações de altos quadros da Igreja sobre o casamento entre pessoas de diferentes religiões. Já não é só o cardeal patriarca de Lisboa, agora também o cardeal Saraiva Martins, que é um alto quadro do Vaticano, vem afirmar mais ou menos a mesma coisa.
Honestamente não me apetece nada dissertar sobre afirmações que, em minha modesta opinião, são não só disparatadas como desnecessariamente incómodas, e politicamente incorrectas. E são graves, considerando a posição ocupada por quem as proferiu.
Retive-me assim, destilando o veneno que desde logo comecei a segregar quando ouvi os pela primeira vez.
Porém, hoje para aligeirar a coisa, continuando a falar a sério mas mais construtivamente, subcrevo o comentário de Ricardo Araújo Pereira na Visão de hoje em que diz, e cito, "Nunca ninguém me há-de ver casado com um muçulmano. Até porque conheço bem o perigo que corremos quando nos relacionamos com pessoas que interpretam literalmente os textos sagrados, como fazem muitos muçulmanos e o cardeal Saraiva Martins."
Pois é. O cardeal Saraiva Martins é um dos que interpretam os textos sagrados literalmente. Segundo o Público, de dia 18, ele afirmou que "na Bíblia [está] escrito que quando Deus «criou o ser humano, criou o homem e a mulher». «É o texto literal da Bíblia, portanto esse é o princípio sempre professado pela igreja».
Só para não me chatear mais, para não me alongar no que se poderia comparar, em tamanho, a uma tese de doutoramento, eu que não sei teologia como ele que segue o texto literal da Bíblia, gostava de saber em qual texto sagrado está literalmente consagrado o direito a umas pessoas não eleitas de comandarem e condicionarem a forma de organização de vida de outros. E onde está literalmente escrito, e sagradamente definido ad eternum, que essas pessoas que comandam e comentam e condicionam a vida de muitos só podem ser homens. E, já agora, uma última curiosidade: em que texto está literalmente consagrada a excepção para estes indivíduos de se escusarem e obrigarem muitos a se escusar a cumprir a máxima "crescei e multiplicái-vos". E há mais a perguntar, mas não me apetece mesmo nada chatear-me com isto. Pelo menos para já.
E o Obama já tem cão ou não? Mudou de ideias ou a notícia já não interessa?
Cito da Wikipédia (http://en.wikiquote.org/wiki/Charles_Darwin):
Ignorance more frequently begets confidence than does knowledge: it is those who know little, not those who know much, who so positively assert that this or that problem will never be solved by science. Charles Darwin
Tradução livre:
a ignorância gera mais frequentemente confiança do que gera conhecimento: são os que conhecem pouco, que não conhecem muito, que tão positivamente afirmam que este ou aquele problema nunca será resolvido pela ciência.
Várias notícias dão conta que Oliveira e Costa, ex-presidente do BPN e entretanto indiciado por burla, branqueamento de capitais e fraude fiscal, entre outros crimes, fechou uma empresa sua já depois de estar em prisão preventiva. Tenha ou não essa possibilidade burocrática ou esse direito cívico suspenso ou interdito por estar detido preventivamente, o que acho mais estranho é o nome da empresa, sobretudo no contexto desta estranha história.
A empresa chamava-se Resnostra Investimentos Lda. e tinha sede na garagem da casa de Oliveira e Costa. Na qualidade de sócio-gerente da Resnostra, Oliveira e Costa abriu conta em nome da empresa no balcão do BPN Amoreiras, enquanto era gerente José Manuel Gama Pereira que se encontra agora em parte incerta e acusado de burla após ter alegadamente desaparecido com pelo menos seis milhões de euros pertencentes a clientes do BPN.
Já é estranho um acusado de burla, branqueamento de capitais e fraude fiscal abrir conta numa agência gerida por alguém que, alegadamente, desapareceu com seis milhões de euros que não são seus. Mas o nome da empresa, Resnostra, é o mais estranho de tudo. "Res" quer dizer "coisa" em Latim. República, por exemplo, vem de 'coisa pública', se bem me lembro.
Resnostra não sei de onde veio e sem mais informação traduzo como Coisa (res) nossa (nostra). E daí sai o flash: "Coisa nossa"? Não é o mesmo que Cosanostra, o outro nome para a Máfia? Veja-se na Wikipedia como o termos 'Máfia' foi substituído por Cosanostra.
Será inocente o nome da empresa? Será mesmo pura coincidência o significado daquele nome equiparar-se ao da Máfia? Por princípio tanto Oliveira e Costa como José Manuel Gama Pereira ou qualquer outro cidadão estão inocentes até estar concluído o seu julgamento, mas parece pouco inocente o nome da empresa. E se se vierem a confirmar as suspeitas que sobre ele caiem, então talvez se possa vir a aplicar fundamentadamente, como figura de estilo, o epíteto de que Oliveira e Costa não será, afinal, nem boa res nem boa rês.
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