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António Vitorino disse na RTP que "Seria bom que começássemos a pensar na possibilidade de haver uma comissão independente inspirada no modelo inglês, um grupo de sábios, pessoas que fossem aceites de ambos os lados". Segundo o site de Língua Portuguesa On-Line da Priberam, "sábio" vem do Latim sapidu, adj., que sabe muito; que tem conhecimentos profundos; douto; prudente; judicioso; s. m., homem que sabe muito; filósofo; feiticeiro. Ora sendo assim, se ele propõe que haja uma coisa, é porque a coisa ainda não existe. Se ele propõe uma comissão de sábios, é porque não há sábios no processo actual. Quererá ele dizer que quem anda a gerir a coisa não sabe o que anda a fazer? Por menos do que lhe pagam para fazer esta missa semanal, já muitos professores chegaram à mesma conclusão. A diferença, talvez, é que isto será mais uma mensagem para dentro do partido do que para fora.
Aprendi há tempos que tudo tem um preço. Tudo, mesmo tudo. Pode-se ser pago em dinheiro, bens, empregos, títulos, oportunidades, conhecimentos, possibilidades, seja o que for, mas tudo o que temos pode ser trocado por alguma coisa. Há sempre alguma coisa pela qual chegamos ao ponto de estar dispostos a trocá-la, desde que haja uma contrapartida à altura.
Vem isto a propósito da notícia do Público segundo a qual a "Irlanda referenderá Lisboa se mantiver um comissário". Em Junho fiquei contente com a recusa da Irlanda ao Tratado de Lisboa, não apenas por o ter rejeitado mas sobretudo por ter havido pelo menos um Estado que tenha tido a coragem de perguntar a opinião aos seus cidadãos, que puderam dizer não, enquanto todos os outros encarneiraram.
É verdade, porém, que só houve um 'não' formal porque houve um referendo (o único...) e que a Irlanda fez o referendo porque a sua Constituição assim obriga. Fica a dúvida se fariam o referendo se não houvesse esta obrigação constitucional.
Desde o 'não' que os outros estados que encarneiraram têm pressionado a Irlanda a avançar, apesar do 'não'. Agora, segundo aquela notícia, "A Irlanda confirmou ontem que está em negociações com os parceiros da União Europeia (UE) para garantir que todos os Estados-membros manterão um comissário europeu, deixando implícito que esta será uma condição à realização de um novo referendo ao Tratado de Lisboa." Implícito está que o valor de, neste caso, ter um irlandês na Comissão Europeia é superior ao valor da opinião dos seus cidadãos expressa naquele referendo. Assim, implícito está que a nacionalidade dos comissários condiciona a forma como a Comissão funciona e decide, e implícito fica que algo de muito errado existe nisto tudo.
Não deveriam os comissários estar acima da sua nacionalidade? Agir e decidir independentemente das suas origens? Lembro-me de uma bela discussão que tive com um professor de Direito Comunitário, onde argumentei que a forma pela qual, na altura, estava determinada a constituição do Tribunal Europeu, obrigando a que houvesse pelo menos x de uma nacionalidade e y de outra, e por aí fora, era um constrangimento à liberdade pois nada na nacionalidade de alguém gera necessariamente maior ou menor aptidão para ser melhor ou pior juíz num tribunal daqueles. Argumentei que a constituição do tribunal era injusta, ao que o bom professor contra-atacou: "E quem disse que o tribunal existe para ser justo? Existe para fazer a justiça que convém à organização que o instituiu!"
Se este governo irlandês conseguir contornar o não dos seus cidadãos, desrespeitando a sua opinião em troca de um comissário, conseguirá ironicamente uma verdadeira integração europeia: ficará a par, na imoralidade, ao resto dos outros Estados que se dispuseram a ignorar os movimentos que exigiam que os povos fossem auscultados. Talvez a ideia seja essa mesmo. Talvez seja esse o preço da sua consciência.
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