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Já esperava isto, mas tinha uma réstia de esperança de que não acontecesse. Já há quatro anos foi assim. Esperava que tivesse evoluído, mas não, continua na mesma. Há em Portugal três grandes jornais que se dizem e são referidos com "desportivos", ou "de desporto": A Bola, o Record e O Jogo. Hoje, 8 de Agosto de 2008, dia de arranque dos Jogos Olímpicos de Pequim, o maior evento desportivo mundial, estes três jornais têm as seguintes notícias:
A Bola dá um pequeno destaque aos Jogos Olímpicos logo abaixo do nome do Jornal com a legenda"começa a festa universal". Ocupará cerca de um quarto da altura da página, o resto é futebol, mas é muito mais do que eu esperava, confesso. É, destes jornais, o que maior destaque dá. - O Jogo não dá qualquer destaque aos Jogos Olímpicos. Nem uma foto, nem um cabeçalho, nada. As únicas notícias e títulos são de futebol. Para
O Jogo parece que só o futebol é jogo, os outros desportos não são nada, não lhes interessam. Já nem sonho que possam noticiar Esqui, Hóquei no Gelo ou Curling, que são desportos de Inverno de de países mais frios. Mas será que nunca ouviram falar de Badminton, Vela, Judo, Tiro ao Arco, Atletismo em todas as suas variedades, Xadrez, Automobilismo, Xadrez, Basquetebol, Andebol, Hóquei em Patins, Voleibol, Karaté, Natação, Equitação? A mim não me interessa este jornal.
Por fim o Record dá uma pequena notícia. Em grande tem a fotografia de um jogador - de futebol, claro! - que chegou ontem. Não ganhou, não marcou golos, não conseguiu nenhuma proeza nem cometeu nenhum crime, apenas chegou. E por isso e é notícia em grande, enchendo quase toda a página. À volta, fora a publicidade, há mais notícias (de futebol...) e lá aparece uma caixa pequena dizendo "JOGOS OLÍMPICOS PEQUIM 2008, Portugal sonha na China". Ocupa mais ou menos 3% de toda a página. Para este jornal é isso quanto valem os Jogos Olímpicos face ao futebol: 3%.
Ouvi há pouco na rádio Antena 1 (do grupo RTP) que "os Jogos Olímpicos são o maior evento desportivo mundial". A RTP (tv) programou para as 23h00 a transmissão em diferido da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, que durará cerca de três horas. Transmite em directo na RTP2 à tarde.
Quem trabalha não poderá ver em directo, mas poderia ver em diferido a horas decentes. A importância deste evento justificaria que a sua transmissão em diferido fosse a uma hora que alcançasse mais espectadores, e que não os obrigasse a ficar acordados até altas horas para a ver na integra. Mas não, alguém decidiu que a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos podia começar a ser transmitida às 23h00, pelo só deve acabar às duas da manhã.
Mesmo sendo véspera de fim-de-semana, quem trabalha tem cansaço que gostaria de vencer com um sono decente. Mais estranho é esta opção da RTP porque estão programados para depois do Telejornal dois programas que não são transmitidos em directo e que não têm qualquer relação do seu conteúdo com a data ou época de emissão. São o "Sabe mais que um miúdo de dez anos" e o "Conta-me como foi". Não há prejuízo algum em que não sejam emitidos no dia previsto. Porque não são adiados para outro dia?
É de apostar que, por força do acordo que a RTP alcançou para a transmissão de jogos de futebol, esta não hesite em não transmitir alguns programas só para transmitidos jogos nacionais em directo. Vai abdicar sem problemas de um qualquer programa, até do Telejornal à hora normal, só para dar um jogo qualquer.
Os Jogos Olímpicos são a expressão máxima do desporto, um simbolo da nossa civilização, são de facto o maior evento desportivo mundial, mas a Direcção de Programas da RTP não parece perceber o que isso significa.
Leio no Diário de Notícias que “Berlusconi manda cobrir o seio da Verdade nua”, um quadro de Gianbattista Tiepolo que está no Palazzo Chigi, o equivalente ao Palácio de São Bento em Lisboa. Segundo a notícia “a obra (...) tinha sido uma escolha pessoal do próprio Berlusconi”. O quadro mostrava a Verdade nua. Agora já não está.
No final do mês passado a Naide Gomes obteve a melhor marca mundial do ano. Fez prova de que é, no momento, a melhor do mundo. No noticiário da TV a notícia durou alguns segundos apenas, e a única imagem era uma foto dela em fundo, nada de imagens do salto, ou sequer imagens de arquivo, só a foto.
No mesmo dia o jogador de futebol Petit foi para o estrangeiro, para outro clube. Teve direito a reportagem televisiva, e a muito mais tempo de antena. Não é o melhor do mundo, talvez venha a ser - seria bom - mas não é, não fez nenhum golo especial, nenhum jogo extraordinário naquele momento ou por aqueles dias, apenas se foi embora, mudou de clube, de país, procurando outra vida. Fez bem, mas nada que justifique a entrevista no aeroporto, acho eu.
É impressão minha ou ele teve aquele tempo de antena todo só por ser futebolista? É nestas coisas que somos pequenos. O bom, o melhor do mundo só o é para esta comunicação social quando é futebol.
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