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É interessante uma formulação frequentemente utilizada pelos meios de comunicação quando se referem a determinados documentos. Usualmente dizem a propósito do objecto a que se referem como algo “...a que tivemos acesso”.
Há tempos, farto de ouvir a expressão, resolvi a pensar sobre isto ouvindo uma notícia de uma carta que havia sido trocada entre altas entidades. Salvo erro foi entre o Procurador Geral da República e o Presidente da Assembleia da República. Mas para além desta são quase quotidianos os exemplos.
Isto é estranho. Como pode uma carta trocada entre duas pessoas chegar ao conhecimento público. São os CTT que não funcionam e andam a distribuir duplicados e triplicados das cartas que se trocam? A ser assim os CTT não estariam a cumprir com o mínimo que lhes é exigido.
São as secretárias ou os estafetas ou os assessores que subrepticiamente fazem cópias e as distribuem? Então à segunda ocorrência, quando muito, eram dispensados.
São os próprios emissores e receptores das cartas que as divulgam? Então porque não dizem, desde logo, que a carta é pública?
A frase “a que tivemos acesso” contem em si uma declaração de denuncia. Alguém deixou, normalmente com propósito, que os meios de comunicação tivessem acesso a algo. Por um lado ainda bem, porque muita coisa se tem sabido graças a estas bem ditas fugas de informação. Por outro lado, não seria mais honesto anunciar certas ‘fugas’ como ‘partilha de informação’, ou ‘informação publica’?
É curioso com ouvimos coisas que não escutamos e, um dia, de repente relembramo-las todas e extraímos um sentido ao conjunto.
Há dias o senhor da meteorologia indicou a previsão do tempo e depois disse algo com o ”...quanto à Europa...”. É isso mesmo, não disse “o resto da Europa”. Será que Portugal já não está na Europa? É verdade que está lá muito pouco no que diz a níveis salariais, de educação, de acesso à saúde, de civismo e em tantas outras coisas, mas será que se afastou de vez?
Também há dias ouvi alguem na Sky News dizendo “..the UK and Europe”. É verdade que os ingleses nunca quiserem muito ser europeus. Primeiro são ingleses, escosseses, galeses ou irlandeses, só depois poderão, eventualmente, ser europeus. Mas aquele “..the UK and Europe” é sintomático.
Entretanto a Turquia anda a todo o custo conseguir entrar na União Europeia, que apesar de ser uma organização política e por isso não ter que estar vinculada a contigências geográficas, não deixa de ser verdade que os elementos aglutinadores são os que foram propicionados precisamente pela situação geográfica.
No meio disto tudo, por fim, lembrei-me da única peça de teatro que vi com o Mário Viegas (que vergonha, a única mesma!...). Chamava-se, salvo erro, “Europa Não, Portugal Nunca”. Foi na altura da sua candidatura à presidência da República, em que concorreu com Jorge Sampaio, que viria a ganhar. Foi por isso há uns 12 ou 13 anos. Parece-me que já na altura ele teria razão...
Tenho reparado numa rotunda estranha. Tem um passeio à volta...
Para que servirá um passeio à volta de uma rotunda? É uma rotunda pequena, numa estrada nacional e no meio de uma zona industrial, de armazéns. Pressuponha-se que os passeios são para as pessoas. É coisa rara de se verificar mas, por simplificação do raciocínio, fiquemos pelos ideais.
Se fosse uma rotunda grande, com algo que pudesse interessar uma visita, compreenderia que tivesse um passeio para os peões poderem circular à sua volta. Para isso, porém, devia ter também passadeiras que priorizassem o acesso a partir do exterior da estrada. Não tendo passadeiras de acesso pode, quem assim o quiser, usar o seu tempo dando voltas à rotunda, pelo passeio. Sucede que a rotunda não é muito grande, terá uns 4 metros, talvez, e por enquanto só tem terra no meio. Não tem nada de interesse para ver, quando muito algumas minhocas, ervas danihas e restos das obras.
O passeio à volta também não é verdadeiramente um passeio. Não está mais alto que a estrada, está ao mesmo nível. É mais um empedrado delimitado com pedra mais clara, como aqueles onde se costuma estacionar.
Ora não se podendo estacionar nas rotundas nem dando esta para passear à volta ou no interior, para que serve um passeio rebaixado que não é para passear nem para estacionar? Pelas suas características, este 'passeio' tem servido essencialmente para nada. Os carros ligeiros e mais cumpridores das regras elementares de comportamento na estrada (já nem falo do Código...) contornam a rotunda pelo seu limite máximo, isto é, pelo limite do 'passeio'. Já as viaturas mais pesadas, e os ligeiros mais apressados, passam por cima do 'passeio', como se fosse estrada. Não seria mais fácil ter feito a rotunda sem o tal passeio?
Quando se perdem hábitos e rotinas é-nos mais fácil reparar no que mudou, pela comparação do que recordamos com o que agora vemos. Há já bastante tempo que não ia ao Areeiro, em Lisboa. Há dias passei por lá, de carro, vindo da Rotunda do Relógio.
Talvez já lá tenha passado estando lá aquilo mas não tinha reparado. Do lado esquerdo de quem sobe em direcção à praça do Areeiro está ser construído um mamarracho. Poderão apontar-me o dedo crítico da baixa qualidade literária do termo ‘mamarracho’, mas é o que me parece um bloco de cimento e vidro, incaracterístico, sem resquício de originalidade e que é vulgarmente chamado de ‘prédio’.
Não é o primeiro mamarracho e não será o último, mas este incomoda-me mais. Sempre havia visto aqueles prédios de entrada na praça do Areeiro como uma espécie de guardiões de um espaço, as torres de um castelo que delimitam um senhorio. Agora, mesmo ao lado de uma daquelas torres, está aquele calhau a tapar a torre. Fica o castelo desvirtuado, coxo, desprotegido, afectado por aquela carraça quadrada que não é nada, só incómodo.
Pareço um velho do Restelo, eu sei, mas a arquitectura tem um lado funcional que está para além da utilidade objectiva que os utentes dos edifícios lhes dão. Os edifícios são objectos de composição do espaço público, de composição funcional mas também visual.
Quando as torres foram construídas, parece-me que Lisboa acabava ali. A sua forma e aparência, de castelo, de guardiões, estavam por isso mais que adequadas ao fim. Poderá, por isso, argumentar-se que já se podem tapar porque a cidade já cresceu para além dali. É verdade, mas pelo menos o que havia fazia sentido, era uma imagem equilibrada de ambos os lados da avenida, relacionada com o resto da praça.
Assim lembra-me o templo de Luxor no Egipto, magnificiente edifício de alamedas de esculturas conduzentes a um fim, mas onde falta um obelisco. Está em Paris, na praça da Concórdia.
Já que a Avenida da Liberdade e a Praça dos Restauradores replicam a uma escala menor os Campos Elísios, será esse o objectivo de se construir aquele mamarracho ali? Dizer que já temos algo parecido com Luxor?
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