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Gosto muito da música do Jorge Palma. Não descansei enquanto não comprei o 'Só', fenomenal album de canções suas tocadas só a piano. Lendo a ficha técnica do disco ainda mais me espantou que tenham sido gravadas de uma só vez, ou seja, música e voz tudo ao mesmo tempo. Por arrasto fui adquirindo outros albuns, admirando a música e a poesia. Não tenho um dos últimos albuns, aquele em que na capa aparece a fumar tendo por trás um aviso proibindo o acto. Tenho o 'Norte', mas não tenho este último.
Gosto muito da música do Jorge Palma, mas já estou a ficar farto de o ouvir. Há semanas e semanas que passa uma única música do último album, 'Vôo Nocturno', a 'Encosta-te a mim' é repetida até à náusea. Todas as rádios que calhou ouvir passam esta, só esta faixa do album. Até a Antena 1, que perto do dia do lançamento, passou num domingo à noite todo o album, comentado no estúdio pelo próprio Palma, pois até a Antena 1 repete uma e outra vez o 'Encosta-te a mim', e mais nenhuma. Oiço pessoas a quem não habitualmente não manifestam qualquer sensibilidade musical a reagirem mal a cada nova repetição daquela música.
Foi hoje notável excepção a TSF porque passou a faixa 'Vôo Nocturno'. Para lá daquela vez na Antena 1, foi a única vez que a ouvi. Não sei de quem é a culpa, se do Jorge Palma, se da editora, que não autorizaram que passassem mais faixas, ou será das rádios que apenas querem passar aquela. Seja qual for a causa, o resultado é contraproducente. Se já se houve pouca música portuguesa na rádio, assim ainda menos se quererá ouvir. No estado actual dos humores, não me apetece mesmo nada comprar este album. Desculpa lá, Jorge.
Sei de uma pessoa que é psicólogo. Não posso dizer propriamente que o conheço bem, temos conversas de ocasião quando calha, tratamo-nos bem. Sei quem é, onde trabalha, mais ou menos sei o que faz, como se chama, mas pouco mais. É uma pessoa muito calma, de discurso muito bem organizado e polido. Manifesta-se ponderado, calmo, atencioso. Enfim, um verdadeiro sr. dr. psicólogo.
Mas ao volante transforma-se, qual Dr.Jeckil em Mr.Hyde. É pé de chumbo! Há tempos calhou encontrarmo-nos num mesmo evento e no regresso aproveitei a boleia oferecida. Arrependi-me segundos depois e jurei para nunca mais! Não só conduz muito depressa em qualquer lado, autoestrada ou parque de estacionamento, como conduz a um palmo do carro da frente, sempre com travagens fortes. Pudera!
Mudou-me completamente a ideia que tinha dos psicólogos. É verdade que uma árvore não faz a floresta, e não só não posso rotular todos os psicólogos pelo comportamento ao volante deste, como não posso julgar este apenas pelo comportamento que verifico. Mas mudei a opinião que tinha dele. As aparências iludem...
Anda aí na rádio um anúncio a um banco, que alicia os potenciais clientes com a oferta de uns porquinhos pintados por Ágata Ruiz de la Prada (não sei ao certo se é assim que se escreve) a partir dos desenhos de crianças que já têm uma espécie de poupança no banco, e de um livro com um conto.
A Ágata vende bem o seu nome, e faz bem. Aplica o seu saber em tudo, e em tudo põe o seu nome, e assim se torna conhecida o que é meio caminho andado para potenciar a compra de artigos por si decorados. Neste caso, dos porquinhos, ocorre-me a dúvida sobre de quem são as pinturas dos porquinhos, afinal. O anúncio ressalva que são pintados pela Ágata a partir de desenhos de crianças. Será um aproveitamento ou uma melhoria estética? O anúncio parece querer dar a entender que os porquinhos serão lindos e adoráveis porque foram pintados pelas crianças, mas quem ganha com a sua venda é o banco e a Ágata. Não creio que deva estender esta apreciação ao ponto de a considerar exploração de trabalho infantil, mas acho que não deixa de ser um aproveitamento.
No geral é isto que se passa com toda a espécie de concursos e sorteios. Mande um sms, escreva uma frase, faça um desenho, temos X coisas para sortear. Ás vezes explica-se o critério, os 100 primeiros, por exemplo, ou algo dúbio e difuso como "a melhor frase" ou "o melhor desenho", sem que se saiba quem escolhe. Também não seria o conhecimento de quem escolhe que nos daria maior ou melhor descanso quanto à fundamentação da justiça na escolha, mas enfim, quem entra no jogo submete-se ás suas regras. Noutros casos, a maioria, nem se sabe qual é o critério. Participa-se, juridicamente por livre vontade, conscientemente - ou não - por aliciamento e o produto da criatividade é oferecida sem direitos de autor ou quaisquer outros.
Belo negócio.
Recebi uma curiosa carta da Crediplus. Não que tenha – felizmente – alguma vez necessitado do seu crédito mas porque tenho um qualquer cartão que é do mesmo grupo de empresas.
A carta é, toda ela e naturalmente, um incentivo à subscrição de crédito com várias sugestões para gastar o dinheiro. A determinado passo lê-se “Verá que os seus filhos vão muito mais animados para a escola se lhes der novos equipamentos escolares, um Ipod ou a consola de que falam há tanto tempo!”.
Naquela frase há uma única virgula e aí encalhei. Ela separa as orações tornando os “novos equipamentos escolares” um assunto diferente do Ipod e da consola, ou o excerto “um Ipod ou a consola de que falam há tanto tempo!” estão como exemplos do que serão os “novos equipamentos escolares”?
Se for o primeiro caso a coisa passa. São apenas três exemplos.
Se for o segundo caso, a coisa é triste, não tanto por a Crediplus equiparar um Ipod a equipamento escolar, mas porque isso é uma constatação da realidade já que para lá do muito equipamento escolar formalmente necessário há toda uma panóplia de coisas – roupas, utensílios, práticas ou atitudes – que se começam a tornar obrigatórias por simples pressão social. O Ipod, tal como os ténis de marca ou o modelo X de telemóvel, torna-se também equipamento escolar. E só com isso tudo se contentam os espíritos dos tempos que correm.
Foi arrepiante. No meio daquela lamechice houve qualquer coisa que soou vagamente familiar. Sintonizei a Atenção, que me recomendou a abertura do arquivo de memória musical. Encontrei lá uma parte do que ouvia: o True dos Spandau Ballet, não a música, mas a letra.
Blárgh!!!! Que coisa mais estranha! Que raio é isto?
Os camelos têm músculos nas narinas que lhes permitem fechá-las para evitar que entre areia quando apanham uma tempestade de areia. Nós, humanos, não temos músculos nas orelhas que nos permitam deixar de ouvir. Podemos fazer ouvidos de mercador, mas não se evita que entrem sons. Também não os podemos vomitar, que é o que me apetecia fazer com aqueles, caso pudesse.
Foi mau.
No meio daquilo vim a descobrir que era o Paul Anka a cantar o True dos Spandau Ballet. Como se não fosse suficientemente mau aquele exemplo isolado, soube que há mais. Animado – talvez - pela mesma mórbida curiosidade que nos leva a espreitar os acidentes de automóvel, descobri que o Paul Anka lançou este ano um disco chamado Classic Songs, My Way. Pelo título podia-se esperar que fossem aquelas baladas que se encaixam na imagem de cantor de casino: fato escuro e laço, eventualmente folhos brancos no peito, lamechice arrastada, uns trejeitos de mãos e a banda a ajustar o passo ao apetite do cantor.
Pelo que percebi são versões de músicas várias, pop e rock incluído, mas cantadas naquele ritmo e estilo. Mais parecido com isto só me lembra o arroz doce que o Jacinto de A Cidade e as Serras (do Eça) pediu que lhe servissem no seu apartamento de Paris, e veio um monte de arroz açucarado todo adornado das coisas mais extravagantes.
Eu até gosto de algumas versões diferentes de músicas. Por vezes o Idade da Inocência (nos serões da TSF) passa versões muito originais de músicas. Mas isto já é demais, pelo menos para mim.
Estou agora convencido que foi ele que ouvi a cantar o Jump dos Van Hallen neste estilo. Volta Assurancetourix!
Ao princípio julguei que fosse um bug. Que algum hacker se tivesse apoderado do formidável espólio de fotografias que lá estavam. Quando percebi que não conseguia mesmo aceder ao Sokedih tratei logo de enviar um sms à Siri, perguntando o que se passava. Respondeu-me que o Sokedih "foi-se", e que lhe apagou qualquer vestigio.
Tenho pena. Era quase uma rotina diária ir ver a imagem do dia, às vezes mais que uma. Quando se passava mais que dois dias sem haver novas fotos eu protestava.
As fotos eram sempre boas, alguma excelentes. A perspicácia que o seu sentido artístico alimenta, e a câmara fotográfica sempre a jeito, criaram as condições ideiais para magníficos retratos dos nossos quotidianos, dos espaços, de pessoas, de coisas.
Espero voltar a ver coisas assim da Siri. Agora que estou mal habituado, e todos os outros, certamente, que visitavam o Sokedih, é de esperar mais. Caso não surjam, ficam-nos, pelo menos, a muito boa memória daqueles retratos a cuja qualidade de visão se juntava a arte de um bom rótulo.
Foi potenciado pelo sokedih que primeiro comecei a pensar em ter este meu blogue, e foi por ali que descobri a blogosfera onde, ao fim de um ano de espreitadelas e ensaios, entrei neste jogo.
Agora, siri, estamos à espera de coisas novas, ok?
Leio no suplemento Ypsilon do Público de hoje que o Blade Runner vai ser reeditado. É a quarta versão do filme, a original não era propriamente o que o realizador Ridley Scott pretendia, a 'director's-cut' de 93 (salvo erro) era uma versão de testes, e ainda houve uma outra pelo caminho. Acho que as vi todas...
Independentemente das versões que hajam, Blade Runner é, há muito, um dos meus filmes preferidos. Não consigo ter um único. Não posso escolher entre 2001 Odisseia no Espaço e o Cinema Paraíso, ou entre O Pai Tirano e Casablanca, ou entre Janela Indiscreta e As Férias do Senhor Hulot, ou entre mais uma meia dúzia. São, cada um, demasiado bons para serem preteridos em relação aos outros, e nenhum se substitui.
Blade Runner é julgado, pelos que não o conhecem e/ou que não o perceberam, como apenas um filme de ficção científica. Tem muitos néons, imagens nocturnas, alguns efeitos especiais, uns andróides e coisas assim que sugerem um tal rótulo. Mas é sobretudo, como leio no mesmo artigo, um filme humanista.
Comecei a perceber, e a adorar, o sentido do filme quando lendo a ficha técnica reparei no nome do livro que lhe deu origem: 'Do Androids Dream of Electric Sheep?' de Philip K. Dick . A pergunta essencial - uma entre tantas - é tão simples como isto: se estou vivo, porque não posso viver? Se os andróides trabalham, correm, ajem e pensam, porque não hão-de sonhar? E se sonham porque não podem viver mais? O seu problema existencial tem origem no facto de quem os criou ter-lhes colocado um prazo limitado de vida, ao fim do qual se desactivam, em linguagem humana 'morrem'. A morte do andróide líder do bando de andróides procurado pelo protagonista é dos momentos mais ternos e humanos da história do cinema. Ele apenas pergunta - e ninguém lhe responde - porque não pode viver. É tudo o que ele quer. Não tem uma doença, não cometeu um crime, está activo, sonha. Quer apenas viver, mas não pode. No livro a justificação para a limitação é a de evitar que os andróides se tornem demasiado humanos. No filme a justificação é técnica, há uma impossibilidade de prolongar a vida da máquina além daquele tempo.
Na sua busca por uma resposta que se vai tornando urgente, o andróide líder do gang encontra quem lhe construiu os seus olhos que lhe diz "fui eu quem construiu esses teus olhos". O andróide responde-lhe esta frase paradozal: "se ao menos tu visses o que eu vi com os teus olhos!...".
Curiosa também é a descoberta de si, do eu, por uma andróide. O protagonista demorou a perceber que aquilo era um andróide, e a própria andróide se mostrava convencida que era humana invocando até as memórias que tinha da sua meninice e as fotos ao lado da mãe. Até que um dia se senta ao piano e, começando a tocar, diz "eu não sabia que sabia tocar...". Aí percebe que não é quem julgava, e toma consciência que a sua vida está limitada, tem um prazo.
Ironicamente isso é verbalizado em ataque ao protagonista quando este inicia a sua fuga na companhia dela, a andróide. Alguém lhe diz "É pena que ela não vá viver. Mas afinal, quem vive?". Aqui o temor que levou os humanos a colocar um prazo de vida nos andróides é devolvido com que em contra-ataque.
Ninguém tem um prazo de vida ilimitado. Todos morremos mas não falamos disso, não o verbalizamos. Há muito tempo li uma frase de alguém que dizia algo como "todos os homens sabem que um dia vão morrer, mas não acreditam que esse dia alguma vez chegue". Fugindo com a andróide o protagonista não sabe quanto tempo viverá com ela. Mas isso ninguém sabe, seja um andróide destes ou um ser humano.
Devo ao JM ter-me ensinado a gostar do filme, de que ele muito gostava. O seu gosto por cinema, e pela arte em geral, desenvolveu-lhe uma perspicácia invulgar, que eu muito apreciava. Ele disse-me uma vez que descobria sempre algo de novo cada vez que revia o Blade Runner. Eu não sei quantas vezes já o vi, mas continuo a descobrir coisas novas.
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