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Segunda-feira, 30 de Abril de 2007

a diferença está na camisa?

O Joaquín Cortés veio dar um espectáculo a Lisboa. As imagens promocionais, em Lisboa como noutros lados, incluindo a Internet, mostram-no a dançar em tronco nu, cabelos longos desgrenhados sobre os ombros. E é assim também que actua.
Já há tempos me tinha ocorrido isto: quão diferente seria a assistência ao espectáculo se ele não aparecesse em tronco nu? Iriam as mesmas pessoas? Iria a mesma quantidade de pessoas mas o tipo de assistência seria outro? Iriam menos pessoas? Iriam mais?
Imaginem que ele se apresentava todo vestido, qual seria a interpretação? Ou todo despido? Bem, esta última opção não é totalmente viável porque há cá algures legislação que proíbe este tipo de figuras em imagens promocionais, mas podemos imaginar a cena a título argumentativo.
O que acho, e vale o que vale, é que o facto de se apresentar, tanto na promoção como no espectáculo, em tronco nu, ajuda a promover o espectáculo. O normal – não necessariamente o correcto ou justo – é as pessoas apresentarem-se vestidas em conformidade com a acção. Na praia com pouca roupa, num casamento com algo mais. Os bailarinos de ballet clássico em collants, um atleta de halterofilismo com aquela espécie de maillot, um maratonista de calções curtos e camisola de alças. No tipo de dança do Joaquín Cortés, o flamenco, é indiferente usar ou não camisa pois não interfere com os pés. Assim, o não usar a camisa ou outra coisa qualquer, é uma atitude, uma afirmação ou, como creio, um argumento de marketing, tal como o bigode fino tipo-zorro e a barba quase desenhada.
A terminar, e antes que me rotulem de várias coisas que acho que não sou, faço notar que:

a) não gosto de sapateado, logo não gosto deste flamenco;

b) não aprecio gajos suados (ou não) em tronco nu (ou não);

c) não defendo códigos rígidos de vestuário.

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Sexta-feira, 27 de Abril de 2007

fui ao Alentejo

Sem pressas nem horas, apenas com destino apontado, meti-me à estrada rumo ao Alentejo. A simples ideia de lá ir é acalento suficiente. O Alentejo está além, está mesmo ali, pertinho, mas mesmo assim é preciso fazer viagem para lá chegar. Melhor, para lá estar. Ao Alentejo não se vai, está-se. Mais que um sítio é um ambiente, uma forma de estar, de ver. Olhando em qualquer sentido está aquele formidável e acolhedor horizonte, que tanto nos convida a continuar caminhando, como a contemplá-lo com o deleite com que se goza um prazer raro.
É-me tão confortável a sombra acolhedora de um sobreiro ou de uma oliveira, como o calor envolvente do Sol e daquela luz. Com Sol ou sombra, campo ou cidade, o horizonte longínquo estende-se tão para lá como para cá, na forma como as ruas se vão espraindo calmamente, largas e a direito contornando as curvas do monte. As casas, baixas, lado a lado, orladas de cor e irradiando aquele branco tão quente e tão acolhedoras de gente. E por dentro tão simples sem serem espartanas, acolhedoras para o descanso como para a longa conversa. E há aquela gente, os alentejanos, tão anedotados como amados. Mostram no seu modo de estar uma diferente maneira de ser. Calmos, sim, mas também atentos, complacentes, amigos, acolhedores.
Por fim há o falar alentejano. Conheço poucos países, muito poucos. Conheço até mal Portugal, se calhar nem metade. Mas duvido que haja em qualquer lado alguma forma de falar que me encante tanto como o falar alentejano. É único aquele encadear de palavreado tão próprio, seja nos substantivos como nos tempos dos verbos. Há quem o tente imitar, limitando-se a uma entoação forçada sem sequer beliscar o todo que é aquele falar. Aquilo não se imita, é-se e pronto. Não me importaria nada de o ser, mais do que sou.

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Sábado, 21 de Abril de 2007

'O meu tio'

Ouvi na rubrica de cinema da TSF que está em exibição, em cópia nova, ‘O Meu Tio’, um filme de 1958 de Jacques Tati. Serve o mote para aqui inaugurar uma linha de textos dedicados aos meus filmes favoritos. Não me ocorrera começar com este, não é o meu filme dos filmes, mas serve para resolver a até aqui insanável dúvida, que atrasou esta inauguração, sobre qual filme escolher para começar entre tantos de que gosto e tão diferentes entre si.
‘O Meu Tio’ é um filme formidável. De um lado os novos ricos nas suas vidas hipermodernas (a acção desenrola-de nos anos 50) rodeadas de automatismos úteis apenas para sublinhar a futilidade da sua forma de vida. Do outro lado os velhos e os não ricos que lutam a sua vida numa velha aldeia, rústica, plurifacetada, tradicional e onde todos se conhecem e se falam. O ‘sobrinho’ do filme é filho de um casal rico, bem na vida, ela é doméstica e vai recebendo as amigas para chá. Ele tem um emprego numa grande empresa e vivem a sua vida estrita e absolutamente dentro dos hábitos, horários e espaços socialmente definidos. O ‘tio’, interpretado pelo próprio Jacques Tati, é irmão da mãe e vive na aldeia.
O ‘sobrinho’ adora o tio pela oportunidade de escape que este lhe proporciona, escape da casa, dos hábitos rígidos, dos horários, das cortesias. Naturalmente é a antítese de tudo o que os pais do miúdo entendem por correcto. Toleram-no apenas ao abrigo das obrigações decorrentes dos laços consanguíneos e o ‘pai’ até faz o frete de tentar arranjar um emprego ao cunhado na sua empresa super moderna e super automatizada.
O ‘tio’ deste filme é como os verdadeiros tios, aquela figura híbrida a meio caminho entre um pai atencioso e educador e um irmão mais velho, protector e brincalhão e que abre sempre novos mundos ao sobrinho. Eu tive a sorte de ter tios assim e devo-lhes muito mais do que alguma vez poderei pagar. Devo-lhes, ainda que não exclusivamente, o gosto pelo cinema, pela fotografia e pela música. Também por isso, mas não só, gosto muito deste filme.

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Quarta-feira, 18 de Abril de 2007

A religião e o progresso científico

Ando há dias para organizar ideias sobre a leitura que fiz da notícia do Público de 12/04/2007com o título “Papa Bento XVI enaltece progresso científico”, onde a dado passo, e sobre um livro que o Papa lançou, se lê que “De acordo com a Reuters, o Papa escreve (…) que a teoria da evolução, formulada por Charles Darwin, não é inteiramente demonstrável, porque as mutações ocorridas em centenas de milhares de anos não podem ser reproduzidas em laboratório.”
À primeira leitura explodiu logo a conclusão de que, naquele ponto de vista, tudo o que não seja demonstrável não tem existência, e que haveria nas entrelinhas da habitual argumentação sabiamente habilidosa uma sugestão de negação da teoria da evolução. A onda de choque disse-me logo também que a religião, entre outras coisas, não pode ser reproduzida em laboratório, logo não existe per si. Reagindo aos primeiros estilhaços de argumentos ocorreu-me que um conceito abstracto, matemático por exemplo, pode ser demonstrável pela lógica sem que isso lhe dê existência tangível.
Relendo o excerto de texto por completo, e cuidando de ter presente que haverá, necessariamente, muito mais de argumentação para além do é transcrito, continuei lendo que “Ao mesmo tempo, o Papa enaltece o progresso científico e não aprova o criacionismo, defendido por alguns sectores do protestantismo, sobretudo nos Estados Unidos.”
Confesso que me alegra esta estranha e muito pouco habitual concordância de opiniões entre mim e a entidade em referência. Há muitos disparates neste mundo, mas o do criacionismo está nos primeiros lugares do campeonato.
Leio ainda que o “Vaticano (…) já aceitara o evolucionismo e o progresso científico” e que “João Paulo II (…) afirmara o seu apoio à teoria da evolução e a sua compatibilidade com o cristianismo” (…) na continuidade da obra de Teilhard de Chardin (1881-1955), paleontólogo e padre jesuíta, que defendeu a compatibilidade entre ciência e fé.” E mais à frente que “No livro agora publicado, o Papa Bento defende a posição da "evolução teísta": Deus criou a vida e esta evolui”.
Não sei o que tenho menos, se capacidade ou paciência para discutir teologia, mas não me entra na cabeça qualquer compatibilidade argumentativa entre, por um lado, a possibilidade de a Vida evoluir para lá de alguma vontade divina e, por outro, a eventualidade de toda a existência, material ou não, ter origem, justificação e manutenção por qualquer entidade metafísica. Na minha opinião, que mais não vale que isso mesmo, se a Vida evolui para lá da sua criação e independentemente de qualquer vontade desta, escapando ao seu controlo anula a sua omnipotência e, consequentemente, a sua existência. Se, por outro lado, toda a evolução é mantida sob controlo que qualquer entidade metafísica, então há decisões subjacentes e justificadoras dos caminhos tomados. E considerando os resultados que constatamos é estranho que tantas decisões tenham sido no sentido de gerar tanta infelicidade pelo mundo fora. Discorro três conclusões possíveis:
a) não há quaisquer entidades metafísicas e tudo decorre do acaso;
b) Há entidades metafísicas que não geram apenas o Bem mas também o Mal, e não são, então, nada do que é anunciado;
c) Eles até são bonzinhos mas nós, simples mortais, somos demasiado limitados para perceber as coisas.
A última opção é a mais confortável. A segunda é de consenso. Eu prefiro a primeira. Tem lógica, acho eu.

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Sexta-feira, 13 de Abril de 2007

Sexta-feira 13

Hesitei na escolha do título para este texto, não o queria tão óbvio nem minimamente sugestivo de crença, ainda que ligeira, neste tipo de crenças. Porém, e como sabemos das regras jornalísticas, é por vezes anunciando com a síntese dos argumentos combatidos que se consegue maior atenção.

Hoje haverá muita gente temendo as mais variadas coisas, apenas porque é sexta-feira 13.  É uma manifestação de desconhecimento - voluntário ou não - de que as referências pelas quais balizamos os mais variados aspectos da nossa vida são apenas isso, simples marcadores de conceitos que, algures na nossa história, fizamos num ponto do nosso conhecimento.

O Escudo era uma referência que substituimos pelo Euro, embora não totalmente porque ainda falamos frequentemente em 'contos' que, ironicamente, nunca foi uma unidade de moeda oficial.

Falamos do Oriente quando só o é para nós aqui. São resquícios de um etnocentrismo imperialista. Curiosamente não nos referimos aos americanos, do Norte, Centro e Sul, como 'ocidentais'.

Há quem não compreenda como pode a temperatura ser 'abaixo de zero', quando o nosso zero é, também ele, uma referência. Há muito mais frio abaixo disso.

No 'Cosmos' o Carl Sagan faz notar que em muitas línguas ainda se diz por-do-Sol e nascer-doSol quando sabemos há muito que ele não se põe nem nasce, somos nós que mudamos de posição. Porém é-nos mais fácil - confortável? - dizer que o sol vai e vem do que interiorizar que somos nós que nos movemos.

Ouvi já comentários estranhando o atraso na contagem decrescente com que os franceses lançam os seus foguetões, quando os americanos - do Norte - fazem-na coincidir exactamente com o momento em que o foguetão arranca. É não perceber que esse 'zero' pode ser colocado em qualquer lugar da linha de tempo. Os americanos colocam-no no instante do arranque, os franceses no instante do acendimento dos motores.

Hoje é uma temível sexta-feira 13 para os que ignoram que só é este dia para algumas pessoas, as dos países que adoptaram o calendário gregoriano e supersticiosamente temerárias. Aqui bem perto não é 13 nem sexta-feira e haverá tanta sorte e azar como em qualquer outro dia.

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Quinta-feira, 5 de Abril de 2007

Santa urgência

Uma freira diz que foi curada da doença de Parkinson por interferência de João Paulo II, já depois da sua morte dele. É o mais recente argumento para a defesa popular da proclamação da santidade deste. As regras ditam uma espera de cinco anos – salvo erro – mas tem crescido a pressão para que se ignore este limite mínimo.

Numa organização que proclama a eternidade e perpetuidade do ser para lá do seu desaparecimento físico, é estranha esta pressa na proclamação da santidade do anterior Papa. Se é para todo o sempre fará diferença se a santidade for proclamada daqui a dois anos? Ou daqui a vinte?

Talvez a tutela da organização não seja a promotora da pressa, e então quem a promove, e sendo membro da organização, estará a incorrer nalguma falha violando tais preceitos (que dimensão e castigo terá tal pecado?). Todavia, a própria organização não manifesta incómodo com esta pressa, pelo que acaba, na vox populi, por se deixar rotular de conivente com a urgência. Pois então, numa organização que reclama para si o direito de reger os mais variados aspectos da vida humana arrogando-se, consequentemente, ao exercício do auto-proclamado direito de os punir, a pressa em ultrapassar as suas próprias regras quanto a estes assuntos é ainda mais estranha.

É, aliás, tudo muito estranho. De um dia para o outro a freira estava curada. Como todo o respeito merecido pela senhora, também a pergunta, por consequência natural, merece o devido espaço para ser formulada: porquê ela, e não outra? Ou outro? Porque não mais pessoas? Porque não todos os que padecem de Parkinson? Porque não os que sofrem de Alzheimer? Ou os que sofrem de SIDA? Porque não, então, todos os que padecem de qualquer coisa? Aliás, se uma das ordens divinas para o universo de pessoas em causa é “crescei e multiplicai-vos”, e se só uma pessoa pudesse ser curada, não faria mais sentido curar alguém que pudesse constituir família em vez de uma freira – respeitável, note-se – que deve ter feito votos de castidade?

Por alguma razão a senhora foi escolhida, os outros não. Ocorrem-me algumas perguntas:

1) se houve escolha mais estranhos são os critérios. Que qualidades a mais tinha do que todos os demais milhões de pacientes que a colocou no topo da lista?

2) será que só uma podia ser escolhida por não haver poder para curar todos, ou só mais alguns? A ser assim fica em causa a omnipotência, condição sine qua non de todas as divindades.

3) se há a possibilidade de por esta via eliminar a doença, quer isso dizer que também há a possibilidade de a fazer aparecer? Terá sido assim que a senhora começou a padecer? Se for assim, quem é que está em dívida com quem? Se não há a possibilidade de pela mesma via ter causado a doença, como apareceu então? Novamente a suposta omnipotência se demonstra questionável.

4) que podem os agora excluídos fazer para poder ainda alcançar a mesma cura?

5) o que podem os que acreditam neste acontecimento dizer de útil aos próximos dos que já morreram com esta e outras doenças? Não havendo retroactividade para a morte, haverá para o consolo dos que ficam?

Isto ainda agora começou, mas é tanta a pressa em concluir o processo que temo que o único ou mais forte argumento seja o desta cura. Se for sentirei, como sinto já, que estão a gozar com todos os outros. A importância que esta organização tem para tanta gente é inversamente proporcional ao direito que tem de as gozar assim.

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Segunda-feira, 2 de Abril de 2007

Santa?

Eu avisei quando aqui publiquei o propósito deste blog que talvez a alguém desagradariam os meus escritos. Ás vezes não dizemos para não ferir e começamos com as pequenas hipocrisias, inevitavelmente, e já todos o fizemos. Fazer sempre é demais. Esta semana em particular quero saltar das pauta rigida da música da época, e tocar como quiser.

Quem me conhece prepare os ouvidos, que o baile aqui vai ser outro.

Não gosto desta semana. Começa logo pelo epíteto de 'santa'. Não lhe encontro qualquer santidade para além da benfeitoria de o fim-de-semana começar quinta à noite. Mas há muitos que a têm por santa, não porque que o achem mesmo mas porque sempre lhes foram inculcando que é santa. É e é, pronto! Há uma minoria que estuda o assunto, há séculos, e acreditam, com todo o direito e com a sua fundamentação, nesta santidade - está no seu direito - mas a maioria dos demais vai por arrasto.

A semana é 'santa' porque culmina com a celebração de uma morte! "Não!" - dizem já as hordes fundamentalistas desta santidade (sim, 'fundamentalistas', também as há aqui, não é preciso ir ao Médio Oriente, nós é que estamos tão habituados a viver ao seu lado que não as temos por tal), "de uma ressurreição!" corrigem logo.

Tenha ou não ocorrido ressurreição, para ocorrer tem que haver uma morte e, quer se queira quer não, ela é celebrada. A ressurreição - se aconteceu - só aconteceu naquela vez. Uma única vez em toda a História registada da Humanidade, o que dá uns largos milhares de anos e um número incomensurável de gente que já viveu e morreu. Em tanta gente, tanto sítio, tantos problemas, tantas ocasiões, com tantas oportunidades só uma única vez aconteceu uma ressureição. Para mim não chega para acreditar. Mais facilmente acredito em OVNI's ou  Yetis já que a quantidade de relatos é superior. Até os relatos dos nossos marinheiros quinhentistas referem mais vezes ocorrências coincidentes de relato para relato.

Admita-se, excepcionalmente e a título de base para esgrimir a argumentação, que houve ressurreição. Então, necessariamente houve morte (há sempre e inevitavelmente, mas esta é uma forma de alimentar ideias que a procuram contornar). O que se celebra é, então, a passagem de uma pessoa para um outro espaço-tempo.

É isto, para mim, o essencial e o que de mais estranho encontro na história da 'santidade' desta semana, e por isso o que mais deploro. Não interessa o que a pessoa em causa fez, não importa o que disse, importa que está morto, depois outra vez vivo, mas já não está aqui. Não fala, não intervém. Já foi, manda quem cá está.

A serem verdade os relatos da sua vida - e nada conheço que fundamentadamente desminta o essencial dos registos existentes - é muito mais impressionante, relevante, e importante para a Humanidade o que ficou feito e foi dito do que ter morrido. Ainda que a ressurreição seja um excepcional privilégio, a morte é democrática: é para todos. Então porquê celebrá-la? Não seria mais correcto celebrar e assim incentivar a estima e preocupação pelo próximo? A igualdade de direitos e oportunidades? Ou isso é menos importante? Se calhar é, não sou teólogo...

publicado por coisas minhas às 23:19
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