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Razão tinha o Santana Lopes quando há umas semanas numa entrevista na SIC se passou dos carretos por ter sido interrompido apenas para que se pudesse mostrar a chegada do Mourinho ao aeroporto. Não era propriamente o regresso de um náufrago, de um exilado ou expatriado, mas ainda assim alguém – ou vários alguéns – achou mais importante o imediatismo das imagens da chegada do que sustentar o acompanhamento do raciocínio que Santana Lopes estava a expor, fosse qual fosse a discussão.
Hoje, no noticiário da SIC, o alinhamento previsível das notícias foi visivelmente alterado para dar em directo a partida dos jogadores da selecção, de um hotel para outro. Ninguém morreu, ninguém nasceu, ninguém bateu, ninguém discursou, ninguém fez nada, ninguém disse nada. Apenas se via um autocarro com os porões de carga à vista, sacos lá dentro, pessoas dentro de um autocarro, e um jornalista a enriquecer de futilidades as já por si fúteis imagens.
Continuo a achar que vivemos num planeta-futebol. Seja o que for de futebol tem uma importância desmedida face a tudo o mais.
E o triste é que o problema não é da SIC. A atitude da SIC é um reflexo do contexto. A RTP faz o mesmo – a TVI não sei porque me esforço por não ver… - a TSF, Antena 1, RR têm pseudo-programas de desporto em que sistematicamente falam exclusivamente de futebol, os jornais dão múltiplas páginas ao futebol.
O resto? Os outros desportos? Vêm depois, em rodapé, nas páginas ímpares, no final dos blocos noticiários, ou como simples fait-divers.
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