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É estranho o artigo de hoje de Vasco Graça Moura no DN. Tem o título L'UOMO È MOBILE e parece estar a falar de Luis Filipe Menezes. Embora este nome não seja referido, é isso que infiro do texto porque no final fala da aceitação ou não do debate com Marques Mendes. Por exclusão de partes parece-me que o visado seja aquele. Não tenho qualquer preferência por um ou outro candidato, nem sequer sou do PSD. Nem é isso que me interessa aqui. Graça Moura enuncia várias datas a propósito de vários de assuntos para sustentar a sua argumentação da mobilidade de opinião do visado. Excluindo a referência ao tal debate, Graça Moura enuncia catorze assuntos diferentes indicando para todos pelo menos duas datas em que o visado terá opinado contraditoriamente. Para dois assuntos refere até três datas. O detalhe vai ao ponto de indicar o dia exacto sendo que só num único caso indica, abstractamente, apenas o mês: "Em Abril de 2005...". Assim, doze assuntos com duas datas faz vinte e quatro datas, mais as seis datas dos dois assuntos com três dá um total de trinta datas. Não tenho Graça Moura por pessoa que diga coisas em vão, infundadas, pelo que para afirmar o que escreveu deve ter dados concretos, ou muito boa memória. Se não é de memória, deve ter ido apontando na agenda todas as citações de Luis Filipe Menezes para agora poder dizer quando ele disse isto ou aquilo. E deve ser uma agenda grande porque não acredito que ande a apontar só o que aquele diz e quando. Que mais apontará ele? O que vai almoçando? Os números do Euromilhões? As matrículas dos carros que passam? A data mais antiga referida é Maio de 2004, há três anos! Isto não é coisa de escritor ou ensaista, é trabalho de empregado de partido político entretido com bases de dados nas quais se procura sustento argumentativo para as reivindicações políticas. Não tenho de memória nenhum excerto de qualquer peça musical para contrapôr à última frase do artigo. Aí Graça Moura ironiza, a propósito do visado, com uma frase de uma obra de Verdi, que "L'uomo è mobile / qual piùma al vento...". Não sei se Graça Moura "è mobile" ou não, mas com este artigo fiquei com a opinião que é picuinhas. Talvez eu também seja, ao contar as datas e tudo isso, mas não sou pago para ser comentador. O artigo está aqui.
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