[ Radio Popular e outras qu...
[ Mundo pequeno, ignorância...
[ Ronaldo é apresentado hoj...
[ Coisas úteis (?) que se a...
[ Eusébio no Panteão não. P...
Ouvi na rádio um anúncio da Radio Popular. O lema do anúncio é Black Friday Countdown Radio Popular. Em cinco palavras três são em estrangeiro. 60% de uma frase de um anúncio direccionado a eventuais clientes portugueses é em estrangeiro. Para quê?
Pode ser por presunção ou ignorância. Presunção, achando que o palavreado em estrangeiro tem mais impacto do que em Português. Infelizmente, isso só revela ignorância do Português porque há, nesta riquíssima língua, palavras mais que suficientes para qualquer fim. Se não as usam, ou é por essa ignorância ou é de propósito. E se é de propósito isso revela, de novo, presunção do emissor quando este quer mostrar que sabe palavras estrangeiras que parecem significar coisas que só há no estrangeiro, sugerindo que são longínquas, não acessíveis a todos.
Ou pode ser para ofender. Porque, no final e seja por que razão for, me ofende que, sendo eu português, leitor, falante e ouvinte de Português, sem necessidade me dirijam a palavra em estrangeiro. Porque quando se me dirigem, sem necessidade, em estrangeiro, ou é uma precipitação, ou presunção ou ignorância do Português. A precipitação desculpa-se. Mas a ignorância mostra que a pessoa está distante porque desconhece o código de comunicação da comunidade. E a presunção é próprio de alguém que quer ser distante.
Com este anúncio a Radio Popular ofendeu-me, tal como me ofendem as outras empresas. Falam em estrangeiro para diferenciar, mas do quê? Do que precisam ser diferentes? De mim, falante, leitor e ouvinte de Português? Pois seja. Não quero ser vosso cliente.
PS: senhores da Radio Popular, o que querem dizer é Contagem Decrescente para Sexta Feira Negra. Mesmo assim não vos visitarei.
Dia 12 de Outubro de 2020 e a repórter da rádio entrevista uma senhora que quis ir a Fátima. Foi, disse, agradecer a Nossa Senhora o facto de a filha ter entrado para o curso que queria.
É muita presunção julgar que a mãe de Jesus, dito filho de Deus, intercede pelo processo de admissão ao ensino superior de uma pessoa em troca de algumas orações. Mesmo que fosse em troca de qualquer outra coisa, como se pode julgar que de tudo o que há no mundo, entre sete mil milhões de pessoas e todos os seus problemas, entre tanta mortalidade infantil, tanta fome, tanta miséria, tanta injustiça, tanta doença sem cura, logo a Nossa Senhora havia de se preocupar com a admissão daquela rapariga àquele curso?
O mundo da senhora que foi a Fátima é muito pequenino e a sua ignorância muito grande.
No programa Pais & Filhos de hoje, na TSF, uma psicóloga fala dos sinais de ansiedade nas crianças, como os detectar e como os vencer.
Sugere estratégias mitigadoras da situação, como encontrar alternativas à necessidade de evitar os contactos. Às tantas sugere que a criança fale com os amigos pelo Facetime.
Facetime?!?
O Facetime é uma aplicação informática dos Iphones. Os Iphones são dos telemóveis mais caros no mercado. E entre quem os usa duvido que prefiram esta aplicação ao Messenger ou ao agora omnipresente Whatsapp.
A senhora psicóloga pode julgar estar a falar para muita gente mas, na verdade, fala para muito poucas pessoas.
Na TSF há uma rubrica com a revista Pais e Filhos. Regra geral tem temas interessantes, mas de vez em quando não interessam nada. Foi o caso do último, com o relato de uma blogger qualquer, com conselhos sobre como ir à praia. Se bem apontei, os conselhos são os seguintes, e seguem-se logo as minhas opiniões.
1) não é preciso um bronzeador para cada um da família, pode ser igual para todos.
(Qual é a novidade? Nós sempre levámos só, de preferência factor 600...)
2) levem um carrinho de compras, daqueles das avós, que fica lá tudo dentro de um dia para outro.
(Pois, isso é para as praias onde se pode andar com rodas, mas ok.)
3) levem água, por causa do calor e das desidratações.
(A sério?!? É MESMO PRECISO? Para a praia?!? Quem diria!)
4) levem borrifadores.
(Para borrifar, presume-se, mas é indispensável? Não se pode fazer com as mãos? Não ocupa volume? Ah, não, temos o carrinho com rodas para levar tudo...)
5) levem toalhetes.
(Os borrifadores não devem ser suficientes. Mas como há espaço para levar tudo...)
6) não ficar na praia nas horas de maior calor.
(A sério?!? Então das 13h00 às 16h00 não é o melhor para torrar ao Sol para depois fazer inveja às amigas com um g'anda bronze?)
7) ter cuidado com o mar.
(Esta não comento.)
8) cansar as crianças para dormirem melhor.
(Se carregassem com as suas tralhas para a praia também ajudava a cansá-los.)
E pronto, já podemos todos ir para a praia com estes sábios conselhos.
Oiço, quase como ruído de fundo do que por necessidade de informação, a rádio Nostalgia. Não é a melhor rádio, mas é um equilíbrio razoável entre a música ambiente não irritante e a abstracção necessária ao trabalho. Tem porém alguns programas e informações perfeitamente inúteis. Gostam, por exemplo, de anunciar os aniversários de músicos, maioritariamente anglo-saxónicos. Não posso dizer que o façam "exclusivamente" com aqueles músicos, embora supeito que o seja. Adiante. É como se só houvesse músicos anglo-saxónicos que fizeram algo no passado. Têm uma rúbrica que "Uma data de música" sobre coisas que aconteceram noutros anos neste dia. Nesse programa então é mesmo tudo quase só americano. Nunca houve nenhum músico português que tenha nascido, morrido, editado uma música ou feito um espectáculo ou qualquer outro evento que conste deste programa.
Voltando ao dia à dia da rádio, hoje anunciaram que o George Michael faz anos. Não retive quantos, não me interessa. Mas ainda deram a saber que ele só apareceu uma vez na capa da revista Rolling Stone - que deve ser a coisa mais lida naquela rádio - e que é canhoto.
Aprendi muito hoje.
A Mercedes tem um serviço de "Check-up gratuito onde estiver, Know-how e atendimento profissional" com o nome de We Go. O anúncio na rádio é uma conversa entre dois amigos em que um pergunta ao outro onde vai ele fazer a revisão ao carro, ao que lhe responde "Na praia". A ideia a transmitir é que a Mercedes faz o serviço em qualquer lado, em vez de o cliente ir a uma oficina vai a oficina ter com o cliente.
Nada contra esta solução, é extremamente cómoda. Mas porquê We Go? O anúncio é em Português, da conversa entre as personagens à informação do locutor. Tudo em Portguês menos o nome do serviço, que é em Inglês. Se o nome fosse "Nós Vamos" ou qualquer outra coisa em Português, os clientes não entenderiam? Porquê TER DE SER em Inglês?
Eusébio morreu há pouco mais de um ano. O seu desaparecimento físico gerou uma histeria de massas, compreensível pelo que fez em vida e pelo que representou, e continua a representar para muita gente. Pouco após a sua morte, muito pouco tempo depois, logo se começou a falar da sua ida para o panteão. Salvo erro meu, ainda não tinha ido a enterrar e já se falava disso. Quase se podia dizer que ainda o corpo estava quente e já o queriam enviar para o panteão.
O funeral de Eusébio foi outra histeria. As cenas que se viram do seu funeral, os magotes de gente no cemitério, pareciam mais vindas de outros países que nós, do alto da nossa sobranceria, apelidamos de subdesenvolvidos.
Eusébio foi, e continua a ser, um símbolo nacional. Mas também era um homem, uma pessoa com vida pessoal, com família e amigos, não os milhares que um dia tiraram uma foto com ele, ou se sentaram com ele algures, mas os amigos mesmo que teve. Era uma pessoa normal a quem a família e os amigos não puderam fazer o funeral. O cortejo fúnebre foi de exibição às massas, as mesmas que invadiram o cemitério ao ponto de quase não se conseguir circular pelo cemitério. Revejam as imagens, coloquem-se no lugar da família e pensem se quereriam que o despedir de alguém que vos é próximo decorresse assim.
Acho que a família de Eusébio não pôde despedir-se dele como seria normal. Ainda o tinham consigo, morto mas por enterrar, quando começaram a falar em colocá-lo no panteão. Eusébio foi tirado à família. Mal passou um ano da sua morte e vão-lhes tirar ainda mais o pouco ou nada que dele tiveram.
Ressalvadas as devidas comparações, este caso lembra-me o de Catarina Eufémia que nos anos 50 foi morta pela GNR num protesto de trabalhadores no Alentejo. Uma fantástica reportagem da TSF ("Catarina é o meu nome") fala a certa altura que a sua campa foi tornada propriedade do Estado para que não fosse idolatrada pela oposição ao regime. Após o 25 de Abril a campa tornou-se propriedade do PCP para a preservar. Esteja isto certo ou errado, o certo é que a campa nunca foi da família. Como Eusébio, que morreu e deixou de ser da família.
Se for avante a ideia hoje propagada nas notícias, de que o valor das pensões poderá variar a cada ano em função de vários factores, isso até poderá ser benéfico.
Sem qualquer perspectiva de como poderá ser o ano seguinte, senão mesmo o mês ou a semana, os reformados vão começar a viver cada dia como se fosse o último. Se calhar serão mais felizes, fazendo já aquilo que nunca ousaram fazer. 'bora lá estourar já o dinheiro todo porque no ano que vem vou não vou poder comprar medicamentos. Por isso, mais vale morrer já a divertir-me, a fazer páraquedismo, rappel, mergulho ou qualquer coisa assim, do que definhar numa cama ou sofá em terceira mão dalgum lar de terceira e quarta idade, provavelmente ilegal.
Talvez, assim, comecem a morrer mais cedo, haja menos pensões a pagar, menos cuidados paliativos, menos custos e, talvez assim, se alcance a sustentabilidade do sistema.
[ blogs
[ smobile
[ Informação
[ TSF
[ BBC
[ Astronomia
[ StarDate Online - Your Guide to the Universe
[ Observatório Astronómico de Lisboa
[ Aprender